Da Redação – Em uma decisão judicial marcante, pai e filho, proprietários de dois restaurantes na cidade de Woburn, no estado de Massachusetts, foram condenados por seu envolvimento em uma rede de contrabando de migrantes do Brasil para os Estados Unidos.
Os brasileiros, Jesse James Moraes, de 67 anos, e Hugo Giovanni Moraes, de 45 anos, donos dos estabelecimentos Taste of Brazil—Tudo Na Brasa e The Dog House Bar and Grill, receberam suas sentenças nesta quarta-feira, 27, em um tribunal federal em Boston. Além do crime de conspiração para facilitar a entrada ilegal de migrantes, Jesse Moraes também foi considerado culpado por lavagem de dinheiro relacionado à operação.
A juíza federal Allison D. Burroughs determinou que Jesse cumprirá oito meses de prisão, seguidos por três anos de liberdade supervisionada. Já Hugo foi sentenciado a cinco meses de prisão, com os primeiros cinco meses em regime domiciliar, além de três anos de supervisão e uma multa de 15 mil dólares.
Em novembro de 2024, ambos se declararam culpados pelas acusações, que incluíam incentivar e induzir migrantes a entrar e permanecer nos Estados Unidos de forma ilegal, com o claro objetivo de obter lucros financeiros.
Uma Operação Lucrativa e Ilegal
A trama revelada pelas autoridades mostra um esquema bem estruturado. Pai e filho recrutavam migrantes no Brasil, cobrando entre 12 mil e 22 mil dólares por pessoa para viabilizar a travessia irregular pela fronteira mexicana.
Para enganar as autoridades americanas, os migrantes eram instruídos a apresentar pedidos falsos de asilo e a alegar vínculos familiares inexistentes, como relações entre pais e filhos menores. Eles também recebiam informações fraudulentas sobre contatos nos EUA para citar durante eventuais abordagens imigratórias.
Uma vez em solo americano, os Moraes não apenas ajudavam os migrantes a encontrar moradia — muitas vezes em apartamentos de parentes de Hugo — como também os empregavam em seus restaurantes. Os trabalhadores recebiam salários em dinheiro, total ou parcialmente, até conseguirem documentos de identificação, muitas vezes falsos, obtidos por intermédio de um comparsa identificado como Marcos Chacon Gil, apelidado de “Marquito”. Parte das dívidas do contrabando era quitada nos EUA, seja por pagamentos diretos, retenção de salários ou contribuições de familiares e associados.
Lavagem de Dinheiro e Encobrimento
O caso de Jesse Moraes ganhou um agravante com a acusação de lavagem de dinheiro. Ele foi responsabilizado por movimentar recursos financeiros dentro e fora dos Estados Unidos, com o intuito de sustentar o esquema de contrabando e ocultar a origem dos lucros. Transações foram realizadas de maneira a mascarar quem controlava o dinheiro, evidenciando a sofisticação da operação.
Resposta das Autoridades
A condenação é resultado de uma investigação conjunta que envolveu diversas agências americanas, como o Departamento de Investigações de Segurança Interna, o Serviço de Receita Interna e o Departamento do Trabalho, com apoio da polícia local de Woburn e Norwood. A procuradora Leah B. Foley destacou a importância de desmantelar redes que exploram a vulnerabilidade de migrantes em busca de uma vida melhor.
Reflexos do Caso
A história de Jesse e Hugo Moraes expõe os desafios enfrentados pelas autoridades na repressão ao contrabando humano e levanta questões sobre a exploração de migrantes em setores como o de serviços nos Estados Unidos. Enquanto os dois cumprem suas penas, o caso serve como alerta sobre as consequências de lucrar às custas da fragilidade alheia, em um contexto global de intensos debates sobre imigração.
Com informações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos – DOJ