
WASHINGTON – O shutdown governamental mais longo da história dos Estados Unidos, que já dura mais de um mês e causou prejuízos reais à economia e à população, caminha para o fim após acordo no Senado. A paralisação, iniciada em 1º de outubro, deixou centenas de milhares de funcionários federais sem salário ou demitidos, interrompeu viagens aéreas, afetou programas de assistência alimentar e fechou creches.
Nem todos, porém, saíram satisfeitos com o pacote final, que combina três leis de orçamento anual completo – incluindo Agricultura até 2026 – e uma resolução continuada até 30 de janeiro, além de garantir pagamento retroativo a servidores e reverter demissões.
Vencedores: Democratas moderados
Senadoras como Jeanne Shaheen e Maggie Hassan (New Hampshire) comemoraram o avanço do acordo no domingo à noite. Shaheen classificou a decisão de apoiar o projeto revisado como “um grande passo para proteger a saúde de dezenas de milhões de americanos”. Moderados do partido pressionavam há semanas por negociações com republicanos, mesmo após vitórias democratas nas eleições.
Funcionários federais
O acordo beneficia diretamente controladores de tráfego aéreo e outros servidores que perderam salários. Centenas de milhares foram colocados em licença não remunerada ou trabalharam sem pagamento. O texto garante salário atrasado a todos e anula as mais de 4 mil demissões emitidas após o shutdown – muitas já suspensas por decisões judiciais. Setores como a divisão de educação especial do Departamento de Educação serão restaurados.
Republicanos (em parte)
Líderes como a senadora Susan Collins (Maine) celebraram o compromisso bipartidário. “Espero votar por esta legislação e acabar com o dano desnecessário à segurança de nossas famílias e da nação”, disse ela no plenário do Senado. O presidente Donald Trump também intensificou apelos para que senadores trabalhassem sem fins de semana até a aprovação.
Perdedores: Democratas socialistas radicais e Republicanos (em parte)
Progressistas rejeitaram o acordo. “Não apoiarei um pacto que não torna a saúde mais acessível”, declarou a senadora Elizabeth Warren (Massachusetts).
Bernie Sanders (independente por Vermont) chamou a votação incerta sobre subsídios do Obamacare em dezembro de “capitulação”. “A luta para reduzir custos é justa e não podemos abandoná-la”, afirmou.
Entre os mais conservadores, especialmente na Câmara, criticam o aumento de gastos em algumas agências. A Casa Branca cede ao reverter demissões e reduzir interferência no poder orçamentário do Congresso.
Inscritos no Obamacare
Milhões de beneficiários do Affordable Care Act podem ter prêmios dobrados em 2026 se o Congresso não aprovar a extensão dos subsídios em dezembro – votação prometida, mas sem garantia de sucesso.


