
Belém/Washington/Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2025 –
Em um mundo marcado por polarizações ideológicas, 2025 testemunha uma clara reacomodação social e econômica: o pêndulo que balançou para o progressismo excessivo nos anos 2010-2020 agora retorna ao centro, priorizando resultados práticos sobre discursos performativos. Essa tendência, acelerada pelo segundo mandato de Donald Trump, manifesta-se no recuo de CEOs americanos na COP30, no abandono de políticas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) por gigantes corporativos e em sinais semelhantes no Brasil, como apoio a operações policiais letais e exploração de petróleo na Margem Equatorial. Não se trata de retrocesso ou “caça às bruxas”, mas de um equilíbrio realista, onde pragmatismo econômico e segurança superam o “woke capitalism” que “estendeu demais a corda”.
O artigo do New York Times “Missing at U.N.’s Climate Meeting: American Executives”, publicado em 12 de novembro, captura o epicentro dessa virada. Nenhum CEO proeminente de empresas americanas apareceu na COP30 em Belém, contrastando com edições anteriores em Dubai ou Baku, onde figurões como Tim Cook (Apple) e Darren Woods (ExxonMobil) faziam pledges verdes. Woods, por exemplo, preferiu um evento em São Paulo patrocinado pela Câmara de Comércio dos EUA, a 2.400 km de Belém. O motivo? Medo de retaliação trumpista: compromissos climáticos públicos poderiam irritar o presidente, custando contratos federais ou tarifas. “Talvez não valha a pena um CEO vir à COP para falar sobre o que já está fazendo”, disse Dan Carol, do Milken Institute. Com Trump boicotando a conferência inteira – sem altos oficiais e chamando metas climáticas de “vagas” –, o setor privado americano entra em modo sobrevivência, priorizando lucros sobre selos ambientais.
Essa ausência reforça o retrocesso americano em agendas globais, beneficiando rivais como China (líder em EVs e painéis solares) e Brasil (anfitrião da COP30, com Lula em BYD elétrica). Governadores democratas como Gavin Newsom preenchem o vácuo: “Trump não veio, mas a Califórnia sim”. Para especialistas, a COP30 avança mais sem os EUA bloqueando consensos – um alívio pragmático.
O Fim do DEI: Empresas Americanas Recuam por Medo e Lucro
Paralelamente, políticas DEI desabam nos EUA. Desde janeiro, Trump revogou ordens executivas federais de ações afirmativas e pressionou o privado via investigações do DOJ e EEOC. Resultado: menções a “DEI” em relatórios caíram 72%; gigantes como Google, Meta, Amazon, Walmart e IBM cortam metas raciais/gênero, treinamentos e renomeiam equipes para “Talent Management”. “A paisagem legal mudou”, justificam. É o mesmo “campo minado” da COP30: medo de Trump > compromissos ideológicos. Estudos mostram DEI como custo sem retorno – outflows em fundos ESG e boicotes conservadores provam que pragmatismo vende mais.
Exemplo emblemático: a campanha “Sydney Sweeney Has Great Jeans” da American Eagle (julho 2025). Com trocadilhos sobre “genes” (genética) e Sweeney hipersexualizada (loira, olhos azuis), foi acusada de eugenismo e supremacia branca pela esquerda. Trump elogiou: “Hottest ad ever! Anti-woke!”. Vendas explodiram, ações subiram 25%. “Woke advertising morreu”, celebraram conservadores. É o backlash ao body positivity forçado da era Biden – beleza convencional volta sem culpa.
Sinais no Brasil: Segurança Dura e Petróleo Pragmático
No Brasil, a influência trumpista ecoa em reacomodações semelhantes, sem cópia fiel – adaptadas ao contexto local de crime e economia.
Segurança pública: A Operação Contenção (28/outubro, complexos da Penha e Alemão, RJ) matou 121 suspeitos (maior letalidade da história). Em 2021 (Jacarezinho, 28 mortos), protestos e críticas da ONU dominavam. Agora? Apoio de 55-64% (AtlasIntel/Quaest), redes cheias de “bandido morto”. Cláudio Castro (PL) vira herói; STF recua. Cansaço com CV nacional explica: pragmatismo > DH absolutista.
Energia: Ibama liberou perfuração na Margem Equatorial (20/outubro). Apoio subiu de 26% para 42% (Genial/Quaest, nov/2025). Antes, 70% contra por ambientalismo (COP30 amplificava). Agora: empregos, royalties e “soberania energética” prevalecem. Lula pragmático: “Não dá pra ser pobre num país rico”.
| Tendência | EUA (Trump) | Brasil (2025) |
| Clima/Empresas | CEOs fogem COP30 por medo | Brasil lidera sem bloqueio americano |
| DEI/Publicidade | Abandono em massa; Sydney anti-woke | Filiais gringas arrefecem; beleza real volta |
| Segurança | “Lei e ordem” MAGA | Apoio a operações letais |
| Economia/Energia | Fósseis > verde | Margem Equatorial > ambientalismo radical |
Essa reacomodação global não é vingança, mas amadurecimento: inclusão real (mérito com oportunidades), polícia inteligente + força, crescimento com responsabilidade. Trump é sintoma, não causa – reação ao excesso woke.
No Brasil, resiste mais (demografia diversa, leis locais), mas multinacionais impõem cortes. Em 2026, eleições municipais testarão: mais “lei e ordem” e soberania energética. O centro realista vence, aliviando uma década de histrionismo.


