
Washington, 24 de setembro de 2025 –
Com o prazo para aprovar o orçamento federal se esgotando em 30 de setembro, os republicanos, sob o comando de Donald Trump e com controle total da Câmara, do Senado e da Casa Branca, armaram uma cilada política contra os democratas. A tática, que acusa os adversários de travar o governo por “gastos esquerdistas” (benefícios sociais), é inteligente e deixa os democratas em uma sinuca de bico. Mas a jogada é arriscada e pode se voltar contra o GOP se a opinião pública mudar ou o caos econômico crescer.
Os republicanos propuseram um “continuing resolution” (CR) limpo, que estende o financiamento até 21 de novembro sem ceder às demandas democratas, como os US$ 1 trilhão em subsídios do Obamacare ou a reversão de cortes no Medicaid. Líderes como Mike Johnson e John Thune reforçam que os democratas, liderados por Chuck Schumer, “seguram o governo refém” com programas caros. No X, posts como o de @SpeakerJohnson
(18 mil curtidas, 23/09) acusam os democratas de priorizar “gastos radicais”, enquanto Trump chamou suas exigências de “insanas”. A narrativa é clara: forçar os democratas a cederem, frustrando sua base progressista, ou bloquearem o CR, assumindo a culpa por um shutdown.
Os democratas estão encurralados. Como minoria, bloquear o CR (como fizeram no Senado, 44-48) reforça a narrativa republicana de obstrução. Ceder, porém, significa abandonar bandeiras como saúde, alienando eleitores progressistas.
Os Democratas tentam contra-atacar, acusando o GOP de “intransigência”, mas a mensagem é menos eficaz. Um poll da Data for Progress (17/09) mostra que 59% culpariam Trump e o GOP por um shutdown, contra 34% para os democratas, mas independentes tendem a culpar quem “bloqueia” primeiro – hoje, os democratas.
A estratégia é eficaz porque explora as divisões democratas entre moderados (ex.: Mark Warner, Virgínia) e progressistas, energizando a base conservadora do GOP. Mas é uma aposta perigosa. Shutdowns machucam o partido no poder – em 2018-2019, a aprovação de Trump caiu para 37% após 35 dias. Com a economia instável, um shutdown prolongado, afetando 2 milhões de funcionários federais e serviços como veteranos e segurança, pode virar o público contra o GOP. Fissuras internas, como o voto de Lisa Murkowski contra o CR, também sinalizam risco.
Os democratas, com menos a perder, podem se posicionar como vítimas, destacando o “caos republicano” se o shutdown durar. Em 1995-1996, uma tática semelhante favoreceu Clinton contra Gingrich. Se a narrativa de “intransigência do GOP” ganhar força, o plano republicano pode implodir, custando apoio nas midterms de 2026.
Por enquanto, o GOP segura a narrativa, pressionando os democratas com maestria. Mas o sucesso depende de um shutdown curto e de manter a culpa sobre os adversários. Se o caos se prolongar, a armadilha pode se fechar sobre os próprios republicanos.