REUTERS – O caminho ficou livre para o presidente Donald Trump indicar o substituto para a vaga da juíza Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte e para o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, confirmá-lo ainda neste mandato, se possível antes das eleições. Num golpe para os democratas, o senador republicano Mitt Romney, que votou a favor do impeachment do presidente, sinalizou que desta vez vai apoiá-lo.
Ex-governador de Massachusetts e ex-candidato à Presidência, Romney mostrou que pode divergir de Trump, com quem vive às turras desde a sua eleição. Mas, como republicano, valoriza, acima de tudo, a nomeação de mais um juiz conservador para a mais alta corte americana.
Há quatro anos, o mesmo Senado controlado por republicanos rejeitou a confirmação do juiz Merrick Garland, nomeado por Obama, porque era ano eleitoral. Agora, duas senadoras — Susan Collins e Lisa Murkowiski — mantiveram a coerência e se manifestaram contrárias a preencher a vaga antes das eleições.
Faltavam mais dois desertores para bloquear a indicação de Trump. Mitt Romney deu para trás. “Pretendo seguir a Constituição e os precedentes ao considerar o candidato do presidente. Se o candidato chegar ao plenário do Senado, pretendo votar com base em suas qualificações.”
Ponto para o líder Mitch McConnell, vitorioso ao bloquear a indicação de Obama e, ao que parece, será bem-sucedido para seguir adiante com a de Trump, a menos de 40 dias das eleições. O presidente deverá anunciar o nome do substituto de Ginsburg no sábado, antes mesmo de concluído o funeral da juíza morta, sexta-feira passada, aos 87 anos.
É a terceira nomeação do presidente para a Suprema Corte, graças à perseverança do líder da maioria republicana no Senado. Ele demonstrou força e autoridade na controversa nomeação do juiz Brett Kavanaugh para a Suprema Corte, confirmada por 50 a 48.
O processo foi desgastante pelas acusações de má conduta sexual que pairavam sobre o juiz durante a juventude. McConnell foi essencial para atenuar a pressão e aglutinar os votos necessários para preencher a vaga.
A substituição da juíza progressista Ruth Ginsburg por um conservador deixa Trump, sempre com a ajuda de McConnell, com um legado bem-sucedido, por ter nomeado 215 juízes federais em quatro anos de mandato.
Essa cifra equivale a 25% do total, suficiente para alterar o equilíbrio ideológico em todas as instâncias do judiciário. E, sob esse aspecto, cai por terra qualquer indício de rebelião republicana contra o presidente.