
Tom Homan, nomeado por Donald Trump como “czar de imigração” e ex-diretor interino do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE), tem se destacado como a principal figura na defesa do programa de deportação em massa da Casa Branca. Sua postura combativa e a recente transição para um papel mais político ficaram evidentes no último sábado, durante um discurso na conferência da Turning Point USA, organização conservadora alinhada a Trump e liderada por Charlie Kirk, aliado próximo de Donald Trump Jr.
Durante o evento, Homan foi interrompido por um manifestante logo no início de sua fala. Com tom firme, ele rebateu: “Quer briga? Vem cá. Estou cansado disso. Tom Homan não vai a lugar nenhum. Tom Homan não vai se calar.” Em meio a aplausos da plateia, ele prosseguiu com críticas pessoais ao manifestante, dizendo: “Esse cara não sabe o que é servir à nação. Não tem coragem para ser agente do ICE ou da patrulha de fronteira.” Enquanto o manifestante era retirado, Homan ironizou: “Esse cara mora no porão da casa da mãe. A única surpresa é que ele não tem cabelo roxo e piercing no nariz. Saia daqui, perdedor.”
Horas depois, já no domingo, Homan participou de entrevistas na mídia, onde buscou minimizar o impacto de uma declaração polêmica feita na sexta-feira à Fox News.
Na ocasião, ele afirmou que agentes do ICE “não precisam de causa provável para abordar alguém, detê-lo brevemente e interrogá-lo com base em sua aparência física”. A fala, sem esclarecimentos sobre o que seria “aparência física”, sugeriu que os agentes estariam detendo pessoas com base em características que poderiam indicar ascendência hispânica ou latina, configurando um caso clássico de perfilamento racial. No programa State of the Union, da CNN, entrevistado por Dana Bash, Homan recuou. “Deixe-me ser claro: a descrição física não pode ser o único fator para justificar uma suspeita razoável”, afirmou. Ele destacou que as decisões de abordagem devem considerar “uma miríade de fatores” e que os agentes do ICE recebem treinamento semestral sobre a Quarta Emenda, que regula a legalidade de detenções.
Contudo, Homan admitiu que operações de larga escala resultaram em “muitas” prisões colaterais de cidadãos americanos, um deslize que expôs falhas no processo. Como czar de imigração, cargo informal que remonta aos tempos de Franklin D. Roosevelt, Homan tem sido a escolha de Trump para defender publicamente o programa de deportações, assumindo um papel antes ocupado por figuras como Stephen Miller e Kristi Noem, atual secretária de Segurança Interna.
Sua posição também coincide com controvérsias no governo, incluindo tensões no Departamento de Justiça (DOJ) sobre a falta de transparência em casos como o de Jeffrey Epstein. Homan, que já durante o governo Obama defendeu a separação de famílias como medida dissuasória na fronteira, agora enfrenta críticas por operações em comunidades agrícolas, setor que depende significativamente de trabalhadores sazonais, muitos sem documentação.
Em entrevista ao Politico na quinta-feira, ele rejeitou a possibilidade de anistia para trabalhadores rurais sem documentos, argumentando que empregadores os contratam para “trabalhá-los mais, pagá-los menos e superar a concorrência com cidadãos americanos”. Ele também afirmou que “muitos imigrantes ilegais não pagam impostos”, ignorando dados do Instituto de Política Econômica e Tributária, que mostram que imigrantes sem documentos contribuem significativamente para a base tributária em 40 estados, superando, em proporção, a contribuição dos 1% mais ricos.
As declarações e ações de Homan reforçam o tom combativo do governo Trump em relação à imigração.
.@RealTomHoman responds to criticism over ICE detention tactics: “Let me be clear, physical description can’t be the sole factor to give you reasonable suspicion… Physical description cannot be the sole reason to detain and question somebody. That can’t be the sole reason to… pic.twitter.com/vst4lfMVo5
— State of the Union (@CNNSOTU) July 13, 2025