Da redação – As imagens de policiais colocando um capuz sobre Daniel Prude, um homem negro algemado no chão, durante abordagem perto de Nova York em março levantaram o debate sobre a questão ética envolvendo essa técnica.
O vídeo divulgado na quarta-feira (2) mostra que, depois de ter o capuz colocado sobre a cabeça, os policiais prensaram o rosto de Prude até que ele perdesse os sentidos. Ele morreu dias depois, no hospital, por asfixia. Os sete agentes de segurança envolvidos na ação foram suspensos.
O capuz, adotado em diversos países da Europa e na maioria das polícias dos Estados Unidos serve para evitar que a saliva da pessoa detida atinja os agentes durante a abordagem, segundo o jornal “The New York Times“. Por isso, o objeto é chamado de “spit hood“, capuz de saliva, em uma tradução livre.
Um policial que participou da ação alegam que usou a técnica porque, naquele fim de março, os casos de novo coronavírus cresciam exponencialmente no estado de Nova York.
Além disso, essa espécie de gorro costuma ficar de certa forma frouxa — com o preso algemado, ele não teria como retirar o objeto. Também argumenta-se que essas peças são fabricadas com pequenos poros que facilitam a respiração.
Entretanto, grupos de direitos humanos condenaram o uso do capuz. Em entrevista à agência AP, o advogado de direitos humanos Adanté Pointer comparou a prática às técnicas de torturas usadas clandestinamente.
“Parece algo de Abu Ghraib“, disse, em referência à prisão no Iraque controlada pelos EUA onde prisioneiros foram ilegalmente torturados em 2004.
A Anistia Internacional também condenou a prática, em nota divulgada na quinta-feira. A organização disse que os capuzes são particularmente perigosos quando a pessoa está fora de si — o que parecia ser o caso de Prude.
Segundo relato da família, o homem de 41 anos havia saído de casa naquela noite de março apresentando sinais de desorientação. Um irmão, então, ligou para os serviços de emergência para pedir ajuda. Ele disse que não sabia que o pedido terminaria daquela forma, com a morte de Daniel.