Da Redação – O senador Bernie Sanders (I-Vt.) disse que concorda com o presidente Trump em um ponto: controlar a imigração ilegal e o fluxo de fentanil entrando no país.
Sanders participou do programa “This Week” da ABC News, onde o apresentador Jonathan Karl perguntou se havia algo que Trump tivesse feito certo.
“Acho que combater o fentanil e reforçar nossas fronteiras”, respondeu Sanders. “Olha, ninguém acha que imigração ilegal é algo certo. Eu defendo uma reforma imigratória completa, mas não acho correto que pessoas cruzem a fronteira ilegalmente.”
Embora o senador concorde com Trump em fortalecer as fronteiras para proteger os cidadãos, ele discorda do plano de deportação em massa do presidente.
“Ele quer deportar 20 milhões de pessoas que estão aqui sem documentos”, disse Sanders. “Se fizer isso, você acaba destruindo o país inteiro.”
“Porque, vou te contar uma coisa, os amigos bilionários do Trump não vão colher as safras na Califórnia que nos alimentam. Eles não vão trabalhar em frigoríficos”, continuou. “É isso que os indocumentados estão fazendo.” Sanders tem se destacado como uma das vozes mais fortes da esquerda contra a administração Trump e seu maior colaborador, o empresário da alta da tecnologia Elon Musk.
Sanders lançou uma turnê de palestras chamada “Combatendo a Oligarquia” pelo país, agora ao lado da deputada Alexandria Ocasio-Cortez (D-N.Y.). No fim de semana, mais de 30 mil pessoas foram a um comício que eles realizaram em Denver.
A Crise de Opioides
A crise de opioides nos Estados Unidos, especialmente impulsionada pelo fentanil, tornou-se uma das maiores ameaças à saúde pública nas últimas décadas. Essa droga sintética, até 50 vezes mais potente que a heroína, é produzida em larga escala por cartéis mexicanos, como o Cartel de Jalisco Nueva Generación e o Cartel de Sinaloa, que utilizam precursores químicos vindos da China. Esses mesmos grupos criminosos que inundam as ruas americanas com fentanil são os responsáveis pelo contrabando de pessoas pela fronteira sul, explorando rotas e redes já estabelecidas para maximizar lucros.
Essas gangues aproveitam a porosidade da fronteira para traficar tanto drogas quanto migrantes, muitas vezes usando os últimos como “mulas” para transportar fentanil. Relatórios da DEA (Drug Enforcement Administration) indicam que a maior parte do fentanil apreendido entra pelos pontos legais de entrada, carregado por cidadãos americanos ou residentes legais, mas a distração causada pelo fluxo de migrantes ilegais facilita o trabalho dos traficantes. A combinação de tráfico humano e de drogas cria um ciclo vicioso que alimenta tanto a crise de imigração quanto a epidemia de overdoses.
Nos últimos quatro anos (2021 a 2024), as mortes por overdoses de opioides, majoritariamente ligadas ao fentanil, somaram cerca de 330 mil, segundo dados preliminares do CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Esse número explodiu durante a administração Biden, que muitos críticos associam a políticas de fronteira mais flexíveis. Em 2021, foram cerca de 80 mil mortes; em 2022, subiram para 83 mil; em 2023, atingiram 90 mil; e, em 2024, estima-se que tenham caído para cerca de 77 mil, mas ainda em níveis alarmantes. Republicanos argumentam que a falta de rigor na segurança da fronteira sob Biden permitiu que os cartéis ampliassem suas operações, embora especialistas apontem que o aumento começou antes, no final da gestão Trump.