ESTADO – A Secretaria de Saúde de Santa Catarina recomendou aos profissionais de saúde do estado que adotem o protocolo de alocação de recursos em esgotamento durante a pandemia de Covid-19. Isso significa priorizar o atendimento a pacientes com mais chance de sobreviver, mais autonomia e capacitação para o trabalho.
A recomendação foi feita em uma deliberação da Comissão Intergestores Bipartite, divulgada na última sexta-feira, que também proíbe os hospitais privados de encaminhar pacientes para leitos do SUS, seja de enfermaria ou UTI, sem autorização expressa da central de regulação de internações do estado.
O protocolo que estabelece prioridade de atendimento foi atualizado em maio de 2020 por quatro entidades médicas nacionais: Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).
O objetivo é tornar mais transparente e impessoal o critério de eleição de pacientes para ocupação de leitos. As regras se tornaram essenciais em todo o país, devido à escassez de leitos de UTI , devido à aceleração das infecções causadas pelo coronavírus desde fevereiro passado.
A Secretaria de Saúde de Santa Catarina informou que o protocolo sempre foi seguido nas unidades de saúde. O estado é o primeiro a admitir oficialmente a adoção de critérios para escolher quais pacientes serão atendidos prioritariamente em leitos de UTI e emergências. Segundo fontes do setor de saúde, o protocolo já estava sendo usado desde o fim de fevereiro.
Escala de avaliação
O protocolo das entidades médicas é baseado em avaliações das equipes de atendimento, baseadas em escalas de observação clínica e performance do paciente. Numa delas o paciente é pontuado, numa escala de zero a quatro. O zero é o paciente completamente ativo e capaz de realizar todas suas atividades, sem restrição. Na 2, é incapacitado para qualquer atividade de trabalho. Na 4, a pessoa é incapaz de realizar auto-cuidados básicos e vive confinada a leito ou cadeira de rodas.
Numa segunda escala são medidas queixas, sinais clínicos, sintomas e necessidade de cuidados hospitalares, sem ou com iminência de morte, e necessidade de suporte. Na terceira lista de parâmetros são observados abertura ocular, resposta verbal, exceto quando sedado, e motora.
O documento que convida os profissionais de saúde a adotarem o protocolo de transparência de prioridade para ocupação de leitos foi assinado pelo secretário de Saúde, André Ribeiro, e pelo presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems, Manuel Del Olmo).
No caso de planos de saúde, as operadoras e a unidade que atendeu o paciente só pode pedir vaga do setor público por email, após ter feito procura por vagas próprias ou credenciadas em todo o estado de Santa Catarina.
A Central de regulação de urgências foi também orientada a encaminhar para Unidades de Pronto Atendimento pacientes estáveis, com oximetria superior a 92% (taxa de oxigenação do sangue). Todas os estabelecimentos de saúde da rede pública terão também de informar para as Centrais de Regulação de Internações Hospitalares, as alterações do quadro clínico dos pacientes que estão na fila de espera para internação ou transferência.