JUNOT – A capa da The Economist de 29 de junho de 2025, com o título “Sonhos Desbotados” (Faded Dreams), exibe um Lula envelhecido, de olhar distante, simbolizando o ocaso de sua liderança global. A reportagem, intitulada “Brazil’s president is losing clout abroad and unpopular at home”, traça um diagnóstico severo: a política externa brasileira, antes marcada pelo pragmatismo, tornou-se incoerente, alinhando-se a regimes autoritários como Irã, Rússia e China, enquanto distancia o Brasil de democracias ocidentais. A revista aponta a condenação de Lula aos ataques dos EUA e Israel a instalações nucleares iranianas em junho e o silêncio diante de crises regionais, como a instabilidade no Haiti e na Venezuela. Esses pontos, reverberados pela imprensa brasileira e analistas internacionais, expõem uma diplomacia que fere frontalmente os direitos humanos.
Entretanto preciso mergulhar na história recente para discordar ou concordar com a The Economist, mas sem fazer um exercício de memoria, não é difícil se deparar com algumas verdades incômodas, que nesse governo, e sob o pretexto de “neutralidade ativa”, o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva abraça regimes autoritários, condena com veemência democracias como Israel e silencia diante de violações gritantes de direitos humanos. Essa escolha ideológica, que privilegia afinidades políticas em detrimento de princípios universais, compromete a credibilidade do Brasil e trai a luta por justiça e dignidade.
Uma coisa é certa: haverá consequências.
O alinhamento com o Irã é um dos pilares mais controversos dessa diplomacia. Desde seu primeiro mandato, Lula cultivou laços com Teerã, mas em 2025 essa relação assumiu tons alarmantes. Após os ataques dos EUA e Israel a instalações nucleares iranianas em junho, o Itamaraty condenou as ações como “violações da soberania” e do direito internacional, usando as mesma palavras da Rússia e da China. Contudo, o mesmo Itamaraty permaneceu mudo diante das 901 execuções no Irã em 2025, incluindo 31 mulheres, e da repressão brutal a dissidentes, mulheres e minorias. A abstenção do Brasil em resoluções da ONU contra violações de direitos humanos no Irã, sob a justificativa de “diálogo construtivo”, é uma afronta àqueles que lutam por liberdade.
Na Rússia, Lula encontrou um aliado para sua visão de mundo. Em maio de 2025, ao lado de Vladimir Putin na Praça Vermelha, participou do “Desfile da Vitória”, legitimando um regime acusado de crimes de guerra na Ucrânia. Sua proposta de cessar-fogo no conflito russo-ucraniano, articulada com a China, ignorou a soberania de Kiev e sugeriu a entrega de territórios ocupados, desrespeitando a Carta da ONU e silenciando diante da violência contra civis ucranianos.
O apoio implícito ao Hamas é outro capítulo sombrio. Lula condenou reiteradamente Israel, chamando suas ações em Gaza de “genocídio” e comparando-as ao Holocausto, o que lhe rendeu o título de persona non grata em Israel. Enquanto critica os ataques israelenses, o governo suaviza ou omite condenações ao Hamas, financiado pelo Irã, e ao Hezbollah, grupos que perpetuam o terrorismo. Essa seletividade é agravada pela aproximação com a China, que reprime uigures e dissidentes, mas é tratada como parceira estratégica no BRICS, um bloco que, sob influência de Pequim, assumiu um tom antiocidental com a entrada de ditaduras como o Irã em 2024.
O Brasil de Lula, que se proclama defensor dos direitos humanos, escolhe aliados que enforcam dissidentes, bombardeiam civis e censuram vozes. Essa diplomacia, movida por uma ideologia que prefere ditaduras a democracias, isola o país de parceiros ocidentais, como EUA e UE, e mancha sua história de neutralidade pragmática. Como afirmou o ex-diplomata Paulo Roberto de Almeida, a política externa brasileira tornou-se “caolha, viciada e viciosa”, traindo os valores de liberdade e justiça. Enquanto Lula desfila com autocratas, o grito dos oprimidos no Irã, na Ucrânia e em Gaza ecoa sem resposta, e o Brasil, outrora mediador, torna-se cúmplice do silêncio.
Fontes: The Economist, Gazeta do Povo, CNN Brasil, Estadão, Brasil Paralelo, Folha de S.Paulo, posts no XX