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Em uma participação recente no podcast The Tim Dillon Show, transmitido em 23 de outubro de 2025, o senador independente por Vermont, Bernie Sanders, surpreendeu ao elogiar a política de imigração de Donald Trump, afirmando que este “fez um trabalho melhor” na segurança das fronteiras dos Estados Unidos em comparação com o presidente Joe Biden.
Sanders defendeu uma abordagem mais rigorosa na aplicação das leis de imigração no controle fronteiriço. “Enquanto existirem estados-nação, é imprescindível ter fronteiras”, declarou. “Sem fronteiras, não há nação.” Ele acrescentou, de forma incisiva: “Não gosto de Trump, mas precisamos de uma fronteira segura, e isso não é tão difícil de alcançar.”
As declarações, amplamente disseminadas em plataformas como X e YouTube, representam uma das rupturas mais marcantes de Sanders com a linha de seu partido. “Biden não conseguiu”, criticou o senador, apontando falhas de várias administrações na aplicação efetiva das leis migratórias. A repercussão foi imediata, com o braço de pesquisa do Comitê Nacional Republicano compartilhando o trecho nas redes sociais poucas horas após a exibição.
Sanders, que concorreu à presidência em 2016 e 2020 com uma plataforma econômica populista, já havia se distanciado de seu partido em questões de imigração. Durante a campanha de 2020, em um evento da Fox News, ele alertou contra o discurso de “fronteiras abertas”, chamando-o de “proposta dos irmãos Koch” e defendendo que os EUA possuem “tecnologia e força de trabalho” para garantir a segurança das fronteiras, mas que lideranças de ambos os partidos falharam nesse objetivo.
Em março de 2025, em entrevista à ABC News, Sanders já havia reconhecido que concorda com Trump sobre a necessidade de conter a imigração ilegal e o fluxo de fentanil, embora sem elogios diretos ao ex-presidente. O tom adotado no podcast de outubro de 2025, no entanto, é notavelmente mais direto e explícito, gerando surpresa e ampla cobertura midiática, com veículos como Fox News e Cowboy State Daily classificando-o como “surpreendente” e um “ponto de inflexão”.
Dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) indicam que, no ano fiscal de 2023, foram registrados 2,47 milhões de encontros com migrantes na fronteira, um recorde histórico, em contraste com cerca de 458 mil no último ano de Trump. Durante o podcast, Sanders promovia seu novo livro, Fight Oligarchy, enquanto respondia a perguntas incisivas do apresentador Tim Dillon. “Não vou dizer que, no geral, [Biden] fez um bom trabalho — não fez”, afirmou o senador.
Mudança de Tom e Contexto Histórico
O posicionamento atual de Sanders marca uma evolução significativa em relação a declarações anteriores. Em março de 2020, durante um evento da Fox News, ele rejeitou a ideia de fechar as fronteiras mesmo durante a pandemia de Covid-19, classificando tal medida como “xenofóbica”. Em janeiro de 2019, quando Trump, em seu primeiro mandato, defendeu ações urgentes para lidar com uma suposta crise na fronteira, Sanders minimizou a situação, afirmando que “não precisamos criar crises artificiais”.
Dada essa trajetória, o tom atual de Sanders representa uma virada notável. Ao afirmar que “não é tão difícil” assegurar uma fronteira segura e exortar os democratas a “terem um olhar diferenciado para a fronteira”, o senador repete argumentos conservadores de longa data, embora mantendo sua crítica característica ao establishment político. A mudança reflete, em parte, o crescente debate sobre imigração nos EUA, um tema que continua a polarizar o espectro político.


