Eliana Pereira Ignacio*
Olá meus caros leitores nas últimas semanas o assunto foi comunicação e hoje venho trazer um assunto importante quando a comunicação entre o casal deixa de ser saudável e passa a ter um desgaste emocional gerando brigas. Deveria de ter uma lei a qual instituísse aos pais uma punição ao entrarem em discussões acirradas na frente dos filhos, mas, na prática, infelizmente isso não acontece.
Na hora em que os ânimos se exaltam, é difícil moderar a raiva e as palavras. Os adultos deveriam pensar sempre duas vezes antes de agir, porque a criança sempre precisa ser preservada. Mesmo que tudo volte às boas depois, essas ocasiões podem deixar marcas profundas nas crianças. Independente da faixa etária sempre é muito sofrido presenciar as desavenças.
Quando os pais brigam, os filhos vivenciam um sentimento de ameaça. Os menores, de dois a quatro anos, não conseguem compreender o que está acontecendo. Por isso ao verem os pais discutindo, se sentem abandonados, a criança não entende por que os pais estão brigando, principalmente quando os assuntos têm relação com finanças ou ciúme. Nessa faixa etária, a criança é muito autorreferente e acredita que todas as coisas que acontecem na família têm a ver com ela.
Em se tratando da briga dos pais, elas normalmente acham que são culpadas. O agravante dá-se ao fato que nessa idade os filhos ainda não têm repertório para expressar o que sentem nem capacidade de entender os problemas dos adultos, podem desenvolver sintomas físicos ou psíquicos para conseguir lidar com a tensão. O terror noturno, por exemplo, é bastante comum.
Entre cinco e oito anos, a criança já começa a entender e verbalizar o que está sentindo. É comum dizer aos amiguinhos que acha que os pais vão se separar, contar que estão brigando. É uma fase em que a criança vai querer cuidar do pai e da mãe, pedir para que eles não briguem, pedir que se beijem… E também desejar ficar em casa para não deixar que os dois discutam. Aos nove anos de idade há uma percepção maior dos conflitos.
Dependendo da frequência com que as discussões ocorrem, muitas crianças chegam a comentar na escola que seria melhor que os pais se separassem, pois não suportam mais tanto estresse. Quanto maior a criança, mais ela costuma fazer suas próprias interpretações, defendendo um ou outro de acordo com a própria opinião.
Em suma seja qual for a idade, porém, é fato que a criança que assiste constantemente aos embates familiares se torna mais tensa, triste, abatida e apática, o que acaba afetando, também, o rendimento escolar. A tensão familiar compromete sua visão sobre os relacionamentos amorosos entre os adultos.
Ela pode entender que a relação conjugal é algo ruim e assimilar isso para sua vida adulta. Muitas crianças chegam a falar que não querem se casar nem ter filhos quando crescerem, numa demonstração clara de que não pretendem passar de novo pelo sofrimento que vivenciam no dia a dia. Atenção pais: brigar na frente dos filhos funciona como uma espécie de curso prático sobre a convivência a dois.
Há o risco de as crianças reproduzirem, mais cedo ou mais tarde, no relacionamento com os amiguinhos ou na vida adulta, os gritos, o tipo de palavreado, os gestos, as ofensas. Poucas são as que fazem o caminho oposto e evitam repetir aquilo que presenciam os pais fazendo. As palavras que um diz ao outro podem moldar a imagem que a criança tem do pai ou da mãe. É preciso cuidado com xingamentos e termos que desqualificam.
Quando o pai humilha a mãe, por exemplo, a mensagem transmitida é de que uma mulher não merece ser respeitada. E se a mãe tem mania de falar que o parceiro é folgado ou preguiçoso, a própria criança pode passar a usar essas palavras para se referir ao pai, já que as ouviu com frequência e as assimilou como verdade absoluta. Portanto pais se os ânimos se exaltaram e as crianças ficaram nervosas.
Respire fundo e tente acalmá-las, explicando que a discussão não tem nada a ver com elas, mesmo que o motivo seja alguma divergência no modo de educá-las. É imprescindível agir de modo que os filhos não se sintam culpados pelo ocorrido.
E mais: peça desculpas. Fale que lamenta ter brigado com o papai ou com a mamãe e que sente arrependimento. Se possível explique ainda que adultos às vezes perdem a paciência, porque se relacionar é difícil, mas que vocês se amam, vão resolver tudo juntos e que eles não precisam se preocupar. Toda relação passa por ajustes e momentos de crise.
O importante é que o casal procure, desde o início, fazer um pacto de respeito para que não magoem um ao outro nem os filhos. Dá trabalho, mas é necessário.
A família só ganha com isso. Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Salmos 127:3.
* Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnewsusa.com