Por: Eliana Pereira Ignacio – Olá, meus caros leitores, hoje por vários motivos venho trazer o tema escolhas fazer escolhas não é um processo fácil. Implica em avaliar as opções que a realidade oferece e renunciar a algo, acreditando que aquilo que se escolhe seja a melhor opção. Porém, fazer escolhas é não somente necessário, mas inevitável. Ao acordar, você escolhe levantar-se ou permanecer um pouco mais de tempo deitado.
Escolhe chegar ao seu compromisso no horário marcado ou atrasar-se. Escolhe a roupa a ser usada, o modo de pentear o cabelo ou não pentear, se irá tomar café da manhã ou permanecerá em jejum. Escolhas são atitudes, ações no mundo.
Ainda assim, acontecem sempre dentro de um campo de possibilidades, ou seja, dentro de um cenário em que estão disponíveis muitas opções.
Desse modo, escolhas não são sinônimos de “vontade”. Não é possível, por exemplo, escolher ter outro corpo que não esse com o qual nascemos, ou ter nascido em outra família. Também não é possível escolher fazer o tempo voltar ou fazê-lo passar mais depressa. Há um modo concreto da realidade acontecer.E ela se impõe a nós e exige que façamos escolhas a partir de um determinado contexto.
Ainda assim, nada retira de nós a condição necessária de fazer escolhas.
Sartre dizia, por exemplo, que mesmo no caminho para o enforcamento, o condenado terá a possibilidade de escolher seguir em silêncio ou, então, delatar companheiros enquanto caminha para a morte. Assim é quando adoecemos: não escolhemos adoecer. Esse é um fato que acontece apesar de muitas vezes realizarmos esforços em nos manter saudáveis.
Embora agora, diante da doença, meu campo de possíveis escolhas seja modificado, haverá muitas escolhas a serem realizadas: como vou me colocar diante desse evento, quais tratamentos irei ou não realizar, o que se tornará prioridade nos meus dias diante das opções que tenho. Fazer escolhas pode ser libertador. Dar-se conta de que estamos, o tempo todo, realizando escolhas, pode ser angustiante, mas também libertador. Angustiante porque nos damos conta de que estamos onde nos colocamos, por meio das escolhas que fizemos até este momento. Portanto, sendo responsáveis por nossas experiências.
Libertador porque é necessário entender que escolhemos o que entendemos como a melhor opção em determinado momento de nossas vidas. Escolhemos com as ferramentas e opções que tínhamos, mas que hoje, ao perceber que a realidade é diferente e nosso desejo é outro, podemos fazer outras escolhas e nos direcionar para outro futuro. Ocorre que, por vezes, podemos estar mais ou menos seguros para escolher. Em alguns momentos, teremos claras as razões pelas quais optamos por um caminho e não por outro.
Porém, em outros períodos da vida, pode ser que tenhamos dificuldade para tomar distância das situações e avaliá-las de modo a estarmos seguros do trajeto a seguir. Isso ocorre por diversas razões. Nesse momento, podemos recorrer a uma série de estratégias para auxiliar-nos no processo de realizar escolhas: conversar com pessoas em quem confiamos, estudar sobre alguns assuntos, verificar o que pessoas de referência usaram como base para suas decisões.
Porém, nada será mais efetivo do que avaliarmos para onde nossas escolhas nos levam: me aproximo de quem eu desejo ser ao realizar essa escolha? O que ela me possibilita experimentar no mundo? Quero viver e estou disposto a encarar as consequências que virão dessa escolha? Por essa razão, o processo de psicoterapia auxilia na elucidação de quem desejamos ser e de como as escolhas que fazemos constroem nossa personalidade. Se leio determinados livros, vejo certos filmes, convivo com determinadas pessoas, estou em contato com sensações, pensamentos e emoções que me lançam para algumas possibilidades e não para outras. Se desejo modificar meu ser, precisarei então mudar aquilo que vivencio concretamente na minha relação com a realidade.
Preciso escolher fazer diferente, para então ser diferente. Por outro lado, é importante compreender que mesmo “não escolher” é, ainda, uma escolha. Posso escolher deixar “a vida me levar”. Posso escolher ficar “em cima do muro” e não me posicionar sobre algum assunto. Ainda assim, estou adotando posições no mundo. Além disso, como dizia Sartre, ao escolher por mim, escolho pela humanidade.
Isso quer dizer que, enquanto houver uma única pessoa no mundo sendo, por exemplo, desonesta, a desonestidade ainda existirá e será uma opção para outros sujeitos. Da mesma forma, se escolho realizar minhas ações sem avaliar as repercussões que elas terão na vida daqueles que me cercam, certamente todos ao meu redor terão que lidar com as reverberações de meus atos.
Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo.
João 7:17 Até a próxima semana!!
Eliana Pereira Ignacio é psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em
Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnewsusa.com