Por: Eliana Pereira Ignacio – Olá meus caros leitores, hoje venho falar de passado e qual o lugar dele em nossas vidas. A história humana é composta de uma série de eventos que moldam quem somos e como enxergamos o mundo.
Embora o passado desempenhe um papel fundamental na construção de nossa identidade, é crucial aprender a não ficar preso a ele, especialmente quando ele traz dor e arrependimento.
A psicologia moderna oferece valiosas ferramentas para ajudar as pessoas a ressignificar suas experiências passadas e encontrar a paz, permitindo-lhes viver o presente de maneira plena e construir um futuro promissor. Ficar preso ao passado pode ter consequências negativas significativas na saúde mental e emocional.
A psicologia aponta que a ruminação, ou seja, a repetição contínua de pensamentos sobre eventos passados, está associada a uma série de problemas, incluindo depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Quando nos concentramos excessivamente em erros passados, arrependimentos ou traumas, nossa capacidade de viver o presente e planejar o futuro de maneira eficaz é severamente prejudicada. Além disso, o passado pode distorcer nossa percepção do presente.
Nossas experiências anteriores influenciam a maneira como interpretamos e reagimos às situações atuais.
Por exemplo, uma pessoa que teve um relacionamento tóxico no passado pode ter dificuldade em confiar em novos parceiros, mesmo que esses parceiros sejam genuinamente confiáveis e amorosos. Esse ciclo de desconfiança e medo pode impedir que se forme novos vínculos saudáveis, perpetuando um estado de isolamento emocional.
Ressignificar o passado é um processo terapêutico que envolve reinterpretar experiências passadas de uma maneira que promova o crescimento e a aceitação. Essa técnica é central em muitas abordagens terapêuticas, incluindo a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT).
Ressignificar não significa ignorar ou minimizar a dor do passado, mas sim encontrar um novo significado que permita a aceitação e a cura. Uma das ferramentas utilizadas na ressignificação é a reestruturação cognitiva, uma técnica da TCC. Essa abordagem ajuda os indivíduos a identificar pensamentos distorcidos e substituí-los por pensamentos mais realistas e equilibrados.
Por exemplo, em vez de pensar: “Eu nunca serei feliz por causa do que aconteceu comigo,” uma pessoa pode aprender a pensar “Tive experiências difíceis, mas posso encontrar maneiras de ser feliz e construir uma vida gratificante.”
Outra abordagem é a prática da autocompaixão, incentivada pela ACT.
A autocompaixão envolve tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que se ofereceria a um amigo próximo. Isso inclui reconhecer que o sofrimento é uma parte universal da experiência humana e que todos cometem erros. Através da autocompaixão, é possível perdoar-se pelo passado e abrir-se para novas possibilidades no presente e futuro. O perdão, tanto para si mesmo quanto para os outros, é uma componente crucial na jornada para se libertar do passado.
A psicologia do perdão sugere que o ato de perdoar pode reduzir significativamente os níveis de estresse e melhorar a saúde mental e física. Perdoar não significa esquecer ou justificar ações prejudiciais, mas sim liberar o ressentimento e a raiva que nos mantêm presos ao passado.
Perdoar a si mesmo pode ser especialmente desafiador.
Muitas pessoas carregam culpa e vergonha por erros passados, o que pode minar sua autoestima e impedir o crescimento pessoal. A prática do perdão pessoal envolve reconhecer os erros, assumir a responsabilidade e fazer as pazes com o passado. Terapias como a TCC podem ajudar os indivíduos a superar a autocrítica e cultivar uma visão mais compassiva de si mesmos. Ao se libertar do passado, as pessoas podem começar a viver mais plenamente no presente.
A prática da atenção plena (mindfulness) é uma ferramenta poderosa nesse processo. Mindfulness envolve estar totalmente presente e engajado agora, sem julgamento. Isso pode ajudar a reduzir a ruminação sobre o passado e a ansiedade sobre o futuro, permitindo que se aproveite melhor o presente.
A atenção plena pode ser cultivada através de práticas como meditação, respiração consciente e atividades diárias realizadas com plena atenção.
Por exemplo, ao comer uma refeição, pode-se focar nos sabores, texturas e aromas dos alimentos, em vez de se distrair com pensamentos sobre o passado ou preocupações futuras.
“…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” — João 8:32
Até a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnews.com