Por: Alfredo Melo – Piruero, foi um dos treinadores mais espertos, que conheci. Dirigiu vários times na várzea carioca, com muita inteligência e principalmente com uma grande dose de “malandragem”. Piruero, no futebol, enxergava longe. Estúdio só das regras e regulamentos, nas preleções, entusiasmava seus jogadores que compravam suas ideias. Conhecia os pontos fracos e os pontos fortes de todos os seus comandados e, explorava como ninguém, os defeitos dos adversários.
Se fosse necessário, usava os truques e malandragens inimagináveis, uma coisa era certa, conhecia o futebol como poucos, era um talento nato. O grande truque de sua carreira, Piruero usou dirigindo o time do Caçulinha na final do campeonato de juniores, disputado no parque Ari Barroso, contra o Vila Lusitânia.
O regulamento do campeonato, dava a vantagem para o time de Piruero e obrigava o Vila Lusitânia, vencer no tempo normal, para decidir o título, na prorrogação. Aos quinze minutos do segundo tempo, o time de Piruero já perdia por 2×0 e nessa hora Piruero, começou o seu show. Discretamente, dirigiu-se ao seu lateral direito, e deu a instrução mudando a história da partida.
O craque do time, caiu em campo, simulando contusão, logo depois, caíram mais dois jogadores, quando o quarto jogador do Caçulinha caiu em campo e foi retirado, as simulações acabaram. Com 11 jogadores contra 7, o time do Vila Lusitânia, armou uma correria, na tentativa de aplicar uma goleada, desnecessária para atender o pedido da torcida. O esforço do Vila Lusitânia, resultou em apenas mais um gol, com 3×0, o jogo caminhava pra prorrogação.
Aos quarenta e dois minutos do segundo tempo, como um milagre, os contundidos, para surpresa de todos voltaram a campo, “curados” e descansados para a prorrogação.
Além da volta dos “contundidos”, Piruero fez as três substituições a que tinha direito e com sete jogadores descansados, venceu, a prorrogação por 2×0 e levou a taça. Piruero, que já era diplomado em “malandragem”, nesse dia recebeu o diploma em pós-graduação.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…