Por: Alfredo Melo – Vi muita gente rindo e fazendo memes após a derrota de 10×0 sofrida pelo Auckland City, da Nova Zelândia, para o Bayern de Munique. Se vocês soubessem a história do time, em vez de memes, aplaudiriam.
O Auckland é um time semiamador; seus jogadores não recebem salários, apenas uma pequena ajuda de custo de cerca de mil dólares mensais. Todos têm suas profissões e muitos precisaram pedir férias em seus empregos para viajar ao Mundial.
O time não conta com nutricionista, muito menos com psicóloga ou médico 24 horas por dia. A comissão técnica é formada por voluntários e os jogadores têm profissões como professor, pintor, barbeiro, limpador de piscina, polidor de carros e corretor de imóveis. Esses caras ainda ensinam futebol para crianças em áreas pobres.
Eles sabiam que seriam goleados e disseram que, se perdessem por menos de 5, cariam felizes — e que, se fizessem um gol contra a máquina alemã, seria uma festa. Eles jogam, transformam e inspiram. Ainda assim, já disputaram o Mundial de Clubes 13 vezes e, em 2014, alcançaram o terceiro lugar, quase chegando à nal contra o Real Madrid. Também são os maiores campeões da Champions da Oceania, montando o time com jogadores que conciliam trabalho e futebol. Foram ao Mundial não pensando em vencer o Bayern, mas para jogar com o coração, com amor.
Foram honestos, não deram pontapés nem agrediram. É aí que o futebol vira lição: no placar tomaram de 10, mas na vida venceram. A verdadeira vitória não está no resultado, mas no coração, na entrega, na humildade, no comprometimento de quem sabe que está ali porque batalhou muito para honrar a camisa e voltar para casa de cabeça erguida.
O Auckland City não é um time comum — é um lembrete de que o futebol ainda tem alma, de que ainda há quem jogue não por fama ou dinheiro, mas use o futebol como instrumento de mudança e transformação social. Esses jogadores do Auckland City são heróis sem manchete.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…