Por: Alfredo Melo – O cara era halterofilista, lutador de luta livre, membro da antiga Polícia Especial, do Rio de Janeiro, quando a cidade era a capital Federal e, também, juiz de futebol. Mario Gonçalves Vianna, sempre foi corajoso, valente e honesto, nunca rejeitou uma briga. Era da tropa de choque da Polícia Especial. Como arbitro de futebol na sua estreia, definiu o estilo disciplinador rigoroso, que marcaria sua carreira para sempre.
Expulsou o temido Mato Grosso, zagueiro valentão, do seu querido São Cristóvão, clube pelo qual torcia. Em General Severiano, estádio do Botafogo, em um Botafogo x Flamengo, expulsou três jogadores do Flamengo. A torcida rubro-negra revoltada atirou garrafas no gramado, Mario Vianna não teve dúvidas atirou as garrafas em direção aos torcedores.
Ele apitou nas Copas de 1950 e 1954. Na Copa de 1954, apitando Itália x Suíça, o atacante italiano, Bonipert, discordou de uma falta e partiu para cima dele aos berros e empurrões. Sem pensar duas vezes, Mario Vianna colocou um direto no queixo do jogador italiano, que apagou, o jogador foi retirado de maca para o vestiário, Vianna foi até a porta do vestiário e orientou o médico italiano “se ele se recuperar” poderá voltar para o segundo tempo. Recuperado, Bonipert, voltou mansinho.
Antes da partida entre Brasil x Hungria, Vianna viu o atacante húngaro, Ferenc Puskas, conversando em um lugar isolado com o árbitro inglês, Arthur Ellis. Com a derrota do Brasil e a atuação desastrada de Mr, Ellis, Mario Vianna contou a imprensa o que viu e disse que a FIFA era uma quadrilha de ladrões. Ao tomar conhecimento da entrevista, a FIFA o excluiu do quadro de árbitros da entidade para sempre.
Em um jogo Botafogo x Vasco, expulsou Nilton Santos por ofensas morais ao bandeirinha, como Nilton Santos era um gentleman em campo, ao chegar ao vestiário, desconfiado do seu assistente, apertou o bandeirinha que confessou que mentiu Mario levou o assistente ao vestiário do Botafogo e ambos se desculparam com Nilton Santos.
Mario Vianna se suspendeu por 30 dias, ao colocar na sumula, que validou um gol irregular do Flamengo. Já no final de carreira apitou um Olaria x Bonsucesso, na rua Bariri, campo do Olaria, que perdeu por 1×0, sofrendo um gol de pênalti. A pequena torcida na social do Olaria ameaçava invadir o campo para agredir o árbitro.
Um PM chegou perto de Mario Vianna e disse “pode ficar tranquilo, que a PM está aqui para lhe proteger ” e Vianna disse, ” vai proteger esses fariseus?” Como comentarista de arbitragem, ao chegar no mundial de 1970, tirou de sua bagagem 18 pares de algemas e, dizia que era “pra prender ladrão de preto” Era o ídolo dos torcedores da Geral do Maracanã, quando o bandeirinha, errava a marcação de um impedimento, gritava a plenos pulmões EEERRROOOOUUUUU e quando o bandeira acertava berrava BAAANNNNEEEEIIIIIRA.
Quando o juiz errava muito, chamava de fariseu e ameaçava descer ao gramado, para tomar o apito do “soprador de apito”.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…