Por: Alfredo Melo – Em 1968, com um amistoso marcado contra a seleção Argentina no Maracanã, a CBD viu-se envolvida em uma crise com os clubes paulistas, que decidiram não ceder seus jogadores para esse amistoso. A solução encontrada pela CBD, foi convocar o técnico Zagalo do Botafogo para formar uma seleção Carioca que representaria a seleção Brasileira.
Aproveitando o entrosamento do Botafogo, bicampeão da Taça Guanabara, Campeão da Copa Brasil e que se tornaria em dezembro daquele ano, bicampeão carioca, Zagalo escalou a seleção com um jogador do Fluminense (Felix); dois jogadores do Vasco (Brito e Naldo) e oito jogadores do Botafogo (Moreira, Leônidas, Valtencir, Carlos Roberto, Gerson, Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo Cesar).
A seleção Carioca, jogando com o uniforme da seleção Brasileira, passeou em campo e goleou a seleção Argentina por 4×1. Essa partida teve uma particularidade, ficou conhecida como o jogo do Olé. A seleção vencia por 3×0, quando aos 35 minutos do segundo tempo, o time Brasileiro começou a trocar passes, sob os gritos de Olé, dos torcedores.
Houve uma troca de 56 passes entre os jogadores brasileiros, que ficaram com a posse da bola por quase três minutos diretos, sem que os argentinos conseguissem toca-la. O toque de número 57, foi a conclusão de Jairzinho, marcando o quarto gol. No último minuto, os Argentinos, conseguiram marcar seu gol de honra.
Segundo o jornalista João Saldanha, o Olé foi levado aos estádios do Brasil, no início dos anos 60, pela torcida do Botafogo em consequência de uma partida entre Botafogo x River Plate, pelo Torneio Pentagonal do México em 1958, em Monterey.
Nesse jogo, Garrincha destruiu o lateral esquerdo Vairo, que não sabia mais o que fazer para marcar Garrincha. João Saldanha, técnico do Botafogo, dizia que quando Garrincha dominava a bola em frente a Vairo, o torcedor via Garrincha como um toureiro e Vairo como um touro e, quando Garrincha driblava Vairo, a torcida mexicana se levantava e gritava Olé.
Garrincha gostou tanto da brincadeira, que se esqueceu da partida e ficou deliciando os torcedores Mexicanos. Ao fim do primeiro tempo, ainda no gramado, o treinador do River, Angel Labruna, um dos maiores jogadores Argentinos de todos os tempos, comunicou a Vairo que para preserva-lo , o estaria substituindo e que antes de ir para o vestiário, deveria passar a mão no pé esquerdo do camisa 6 botafoguense, Nilton Santos, porque naquele pé, estava o futebol de todos os laterais esquerdos do mundo.
Aquela tarde foi demais, para o pobre Vairo. Em tempo, o resultado do jogo foi Botafogo 1×1 River Plate, já o duelo entre Garrincha x Vairo, Mané ganhou de goleada.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior