Por: Alfredo
Melo info@jsnews.com
O menino Wilson Dantas, aos 15 anos de idade era 100% analfabeto, além de possuir um deficit de atenção imenso, por sua condição de analfabeto, era chamado pelos outros meninos, do bairro de Braz de Pina, na zona da Leopoldina, na cidade do Rio de Janeiro de Wilson “Anta“.
Apesar de suas deficiências, todos tinham certeza de que Wilson “Anta“, seria um jogador profissional de futebol, baseados na habilidade nata, que “Anta” possuia, para a prática do esporte. Jogava um futebol absurdo.
Os outros meninos, não entendiam, o porquê de “Anta“, não se interessar em fazer teste nas escolinhas de Olaria e Bonsucesso, dois clubes profissionais da zona leopoldinense, vizinhos do bairro de Braz de Pina.
Aos 18 anos de idade, Wilson “Anta“, já era titular da meia esquerda do primeiro quadro do Braz de Pina Futebol Clube, excelente time de várzea dos anos 60, filiado ao Departamento Autônomo, da antiga Federação Metropolitana de Futebol, atualmente, Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.
E foi num jogo do Braz de Pina, pelo campeonato do Departamento Autônomo, que um olheiro do Bonsucesso, descobriu a “joia“.
Indagado se gostaria de fazer um teste no Bonsucesso, os amigos responderam por ele, dizendo que sim. O olheiro pegou os dados e endereço de Wilson “Anta” e disse que o procuraria durante a semana. Os amigos, exultaram de felicidade. “Anta” cumpriria o seu destino de ser jogador profissional de futebol.
Na segunda-feira pela manhã, o entusiasmado olheiro, já anunciava ao treinador Gentil Cardoso, sua valiosa descoberta. Gentil disse que haveria um jogo – treino, na quinta-feira contra a seleção da Marinha e como o adversário era amador, ele trouxesse o rapaz, para um teste.
No dia do jogo – treino, Gentil foi apresentado a Wilson “Anta“, perguntou em que posição ele jogava e, mandou que o roupeiro providenciasse o material pro rapaz treinar. A princípio, “Anta“, ficou no banco de reservas e aos vinte minutos do segundo tempo, com o Bonsucesso vencendo por 3 x 0, Gentil chamou “Anta“, deu as instruções e colocou o craque pra jogar.
Na primeira bola que recebeu na meia esquerda, sua posição, ele se deslocou com a bola dominada, pra ponta esquerda, se jogou no chão e agarrou a bola com as duas mãos.
O juiz marcou o toque de mão e pediu a bola, para ser recolocada em jogo.
Wilson “Anta“, não levantava e nem largava a bola. Os jogadores da seleção da Marinha e do Bonsucesso, tentavam arrancar a bola das mãos do jogador e não conseguiam. Nervoso, la do banco de reservas, Gentil gritava querendo saber o que aquela “besta“, estava fazendo. Gentil, mandou que “Anta” saísse imediatamente de campo.
O jogador saiu, levando a bola debaixo do braço. Aos berros e quase agredindo o rapaz. Gentil quis saber, que porra era aquela que ele fez.
Calmamente, Wilson “Anta” respondeu que tinha feito o que o treinador mandou. “Quando receber a bola, cai na ponta esquerda e segura a bola”. Terminava nos berros e na indignação de Gentil Cardoso, uma promissora carreira de um craque da várzea.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…