Por: Alfredo Melo – Graças a Deus, acabou a agonia. Eu não aguentava mais a torcida do Galo, com o desesperado “Eu acredito”. A paixão, de um modo geral, leva à cegueira. Eu acredito em quê? Nas vitórias que o Atlético precisa? Se for por isso, tudo bem.
Acontece que o torcedor do Galo não percebeu que o Campeonato Brasileiro é disputado por pontos corridos, diferentemente da Copa do Brasil e da Libertadores, onde a disputa é no mata-mata.
Nessas competições, muitas vezes, o Galo ia para o jogo de volta precisando reverter o resultado. Aí o “Eu acredito” era entre o time e a torcida, e funcionava. Por que funcionava? Não dependiam de outro time. Era a comunhão entre time e torcida, mas que não funcionou na final contra o Botafogo.
No Campeonato Brasileiro, só acreditar nas vitórias do Galo não era suficiente; tinha que acreditar em derrotas dos demais times. Então, torcida do Galo, “Eu acredito”, no Campeonato Brasileiro, só vale quando o Galo estiver em primeiro lugar, não dependendo de ninguém.
Agora, torcida atleticana, em campeonato disputado em mata-mata, mande o “Eu acredito” em todos os jogos. E a torcida do Fluminense, com o irritante e sem propósito “Time de Guerreiros”? Ganha um jogo qualquer e é “Time de Guerreiros”. Perde e é “Time de Mercenários”.
A banalização da expressão, advinda do time de 2009, dirigido por Cuca, que, faltando 7 rodadas para terminar o campeonato, tinha 99% de possibilidades de rebaixamento e, em 21 pontos disputados, ganhou 19 pontos.
Foram seis vitórias seguidas e um empate com o Coritiba na última rodada, caindo o Coxa no lugar do Flu. Esse time, para justificar o slogan, ainda ganhou o Campeonato Brasileiro de 2010. Esse time era o verdadeiro “Time de Guerreiros”.
E o time do Flamengo, quando vem de baixo da tabela e entra no G4? Vovó Filo, frequentadora das redes sociais, se assusta com o que vê e com o que lê. Coisas do tipo: “Deixaram a gente chegar, agora vão ter que aturar”. “Vamos invadir Dubai”. “Mengão campeão mundial”.
Não entendo essa obsessão da torcida do Flamengo por Dubai. Eles se comportam como se fossem assíduos frequentadores das finais dos mundiais da FIFA.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…