Por: Alfredo Melo
info@jsnewsusa.com
Cada cabeça uma sentença. Cada pessoa um jeito. Cada treinador um estilo. O treinador tem a liberdade de convocar e desconvocar qualquer jogador. Pode escalar e pode barrar quem quiser, mas, também, tem que ter um mínimo de ética. O falecido treinador, Oswaldo Brandão, segundo o ex-goleiro Raul Plassmann, não sabia bem o que era ética.
Para alguns jogadores, principalmente os paulistas, ele era um paizão.
Na seleção brasileira, alguns jogadores de outros estados, viam Brandão, mais como um padrasto do que pai.
Na Copa América de 1975, a seleção brasileira foi montada com uma base mineira , formada por Raul, Nelinho, Piazza, Palhinha e Dirceu Lopes. O goleiro titular era Raul, mas o São Paulo FC, com o apoio da imprensa paulista, vinha pressionando Brandão, para que seu goleiro Waldir Perez, fosse escalado como titular. Para ficar bem com a imprensa e com os dirigentes são paulinos, Brandão acabou cedendo e barrou Raul, da forma mais cafajeste possível, provocando a revolta de alguns jogadores.
Na véspera da partida contra o Peru, em Lima, por volta das 10 horas da noite, Brandão mandou chamar Raul ao seu quarto, no hotel onde a seleção estava concentrada. Raul estranhou, o convite naquela hora, quando já estava deitado em seu quarto.
Ao encontrar Brandão no quarto, o treinador estava com um garrafa de conhaque sobre a mesa e com o copo cheio. Sem perder tempo, Brandao mandou Raul sentar e serviu uma dose de conhaque para Raul e disse me acompanha.
Raul disse que não beberia, pois, tinha o jogo no dia seguinte. O treinador insistiu e disse “não tem problema você esta com o treinador, beba uma dose sopra relaxar e dormir bem”, para ficar logo livre, o goleiro aceitou e ficou bicando o copo bem devagar, enquanto Brandão emendava um assunto atrás do outro e, os copos, também.
De repente, Brandão pergunta a Raul “que horas são? “ Raul disse que eram quase 2 horas da manhã, então Brandao disse “vai guri, vai dormir que já está tarde”. Quando Raul, abriu a porta escutou o treinador dizendo “guri bebeste e ficou até tarde acordado. O Waldir Perez, vai jogar amanhã no teu lugar”.
Raul Plassmann, nunca perdoou, a sacanagem que Brandão fez com ele.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…