AFP – Pelo menos quatro pessoas morreram em consequência da tormenta tropical Isaías, que varria nesta quarta-feira (5) a costa leste dos Estados Unidos com fortes ventos e chuvas, deixando três milhões de habitantes sem energia elétrica.
Um tornado destruiu um trailer na Carolina do Norte, matando duas pessoas, informou ontem o governador desse estado, Roy Cooper.
Outras duas pessoas morreram em quedas de árvores sobre seus veículos – uma em Nova York, e outra, em Maryland.
Com ventos de até 80 km/h, conforme o boletim das 20h locais (21h em Brasília) do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), Isaías se deslocava rapidamente a 65 km/h, na direção norte-nordeste.
O fenômeno climático causava estragos, enchendo as ruas de escombros e fechando rodovias. Pelo menos 78 voos foram cancelados no aeroporto de LaGuardia, e 55, no JFK. Os serviços de transporte público também foram suspensos, incluindo a balsa de Staten Island.
As autoridades instalaram diques de proteção na parte baixa de Manhattan pela manhã, antecipando um aumento no nível da água. A chuva acabou não sendo tão forte quanto se temia, porém, com uma tempestade “mais de vento do que de inundações até agora, graças a Deus”, declarou o prefeito de Nova York, Bill De Blasio, à emissora local NY1.
Milhões sem luz
Em Nova Jersey, onde o governador Phil Murphy declarou estado de emergência e pediu aos cidadãos que não se aventurem nas estradas, imagens de vídeos flagraram o vento arrancando tetos de residências.
Cerca de 3 milhões de pessoas estavam sem energia em várias áreas, segundo companhias do setor, com cortes que afetavam Nova Jersey e Nova York.
As empresas de eletricidade recomendaram que moradores em casas inundadas desliguem a fonte de alimentação para evitar serem eletrocutadas.
Isaías tocou o chão como furacão de categoria 1 na Carolina do Norte na noite de terça, com ventos de até 140 km/h. Depois, perdeu força, enquanto avançava para o nordeste do país, rumo ao sudeste do Canadá, onde a expectativa é de chuvas intensas.
“Houve muitas árvores derrubadas, inundações”, especialmente no sudeste da Carolina do Norte, “carros flutuando”, “cerca de 355.000 usuários em luz” e “tivemos vários tornados”, disse o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper.
“Mas, no geral, o dano não foi tão sério quanto poderia ter sido”, completou.
Na segunda-feira, o presidente Donald Trump emitiu declarações de emergência para a Flórida e ambas as Carolinas, liberando recursos federais.
E o coronavírus?
Os moradores dos estados da costa sudeste dos Estados Unidos estão acostumados, quase todo o verão, com a passagem de tempestades. Este ano, no entanto, os preparativos para a chegada de Isaías foram afetados pela pandemia do novo coronavírus.
As duas Carolinas sofrem com o aumento de casos, enquanto os Estados Unidos lutam para conter a propagação da epidemia.
O governador Cooper havia recomendado que os moradores usassem máscara e mantivessem a distância física, apesar da tempestade.
Ontem, Cooper afirmou que mais abrigos precisavam ser planejados para permitir o distanciamento social entre os evacuados e que cerca de 150 soldados da Guarda Nacional foram enviados para tarefas de emergência.
Isaías foi rebaixado de furacão de categoria 1 para tempestade tropical depois de contornar a Flórida – um dos epicentros da pandemia de coronavírus – sem causar grandes problemas, mas se fortaleceu ao se aproximar das Carolinas.
Alguns centros de testes de coronavírus tiveram de fechar quando a tempestade se aproximava da Flórida, mas já foram reabertos. As autoridades locais temiam o efeito devastador da tempestade somado à crise da saúde, mas o “Estado do Sol” se salvou.
Isaías passou como furacão no Caribe e deixou uma mulher morta em Porto Rico. Também causou pequenos danos na República Dominicana e nas Bahamas.