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A Suprema Corte do Tennessee marcou para 30 de setembro de 2026 a execução de Christa Gail Pike, de 49 anos, a única mulher no corredor da morte do estado. Pike foi condenada pelo assassinato brutal de Colleen Slemmer, de 19 anos, ocorrido em 1995, quando Pike tinha 18 anos. Se realizada, a execução será a primeira de uma mulher no Tennessee em dois séculos e a 19ª na história moderna dos Estados Unidos.
O crime e sua crueldade
Em 12 de janeiro de 1995, Pike, acompanhada de seu namorado, Tadaryl Shipp, e de uma amiga, Shadolla Peterson, atraiu Slemmer, colega do programa de treinamento profissional Knoxville Job Corps, para uma área florestal em Knoxville, Tennessee. Movida por ciúmes, Pike acreditava que Slemmer tentava “roubar” seu namorado. O ataque, que durou cerca de uma hora, foi marcado por extrema violência: Slemmer foi espancada, esfaqueada com uma faca, ferida com um punhal e teve um pentagrama entalhado no peito e na testa.
Pike desferiu um golpe fatal com um pedaço de asfalto na cabeça da vítima e removeu um fragmento de seu crânio, exibindo-o posteriormente a colegas do programa. Não há evidências de que o crime envolveu rituais satânicos, apesar da especulação gerada pelo pentagrama, que foi interpretado como um ato de crueldade para chocar.
O corpo de Slemmer, encontrado no dia seguinte por um jardineiro, apresentava sinais de tortura, mas não foi decapitado, ao contrário de rumores infundados.
Pike foi condenada por assassinato em primeiro grau e sentenciada à morte. Shipp recebeu prisão perpétua, com possibilidade de liberdade condicional em novembro de 2025, enquanto Peterson, que atuou como vigia, testemunhou contra Pike e foi sentenciada a liberdade condicional.
Motivação: ciúmes e rivalidade
O crime foi motivado principalmente por ciúmes e rivalidade amorosa. Pike via Slemmer como uma ameaça ao seu relacionamento com Shipp, o que a levou a planejar o ataque com premeditação. A promotoria destacou que a brutalidade, incluindo a exibição do fragmento de crânio, refletia um desejo de vingança e de afirmar domínio sobre a suposta rival. A ausência de motivações ideológicas, como práticas satânicas, foi confirmada pelos registros judiciais, que apontam o conflito pessoal como o principal impulsionador.
A defesa de Pike argumenta que sua condição psicológica à época contribuiu para o crime. Aos 18 anos, Pike sofria de transtorno bipolar e estresse pós-traumático não diagnosticados, decorrentes de uma infância marcada por abusos físicos, sexuais e negligência. Esses fatores, combinados com sua juventude e imaturidade, teriam amplificado sua impulsividade e incapacidade de gerir emoções intensas, como os ciúmes. Em carta ao The Tennessean, Pike expressou remorso, afirmando: “Pense no pior erro que você cometeu como adolescente inconsequente. O meu foi enorme, inesquecível e arruinou inúmeras vidas. Levei anos para compreender a gravidade do que fiz.”
Seus advogados sustentam que, se julgada hoje, Pike não receberia a pena de morte, mas sim prisão perpétua sem liberdade condicional, devido à sua idade e problemas de saúde mental à época do crime.
Método de execução
Pike será executada por injeção letal, o método primário no Tennessee. Como o crime ocorreu antes de 1999, ela tem a opção de escolher a cadeira elétrica, conforme a legislação estadual. Até o momento (2 de outubro de 2025), não há registro de sua preferência, e a decisão será comunicada ao diretor da Riverbend Maximum Security Institution até agosto de 2026.
Caso não opte pela cadeira elétrica, a injeção letal será aplicada, utilizando uma combinação de drogas para sedar, paralisar e interromper o funcionamento cardíaco.
A execução de Pike está agendada em um momento de aumento nas execuções nos EUA, com 34 realizadas em 2025, o maior número em uma década. Segundo Robin Maher, do Death Penalty Information Center, apenas 18 mulheres foram executadas no país desde 1976, destacando a raridade do caso. Pike passou 27 anos em isolamento, mas recentemente obteve permissão para interagir com outras detentas. Seus advogados continuam a buscar a comutação da pena, enfatizando seu remorso e transformação pessoal.