JSNEWs – Após quatro anos e um investimento superior a 11 bilhões de dólares na contenção da mais grave crise de migração em massa da história dos Estados Unidos, a Operação Estrela Solitária, liderada pelo governador do Texas, Greg Abbott, reposicionou a maioria dos agentes estaduais e policiais que antes vigiavam a margem sul do Rio Grande. A calmaria na região, instaurada rapidamente após a posse do presidente Donald Trump, permitiu tal mudança.
Pela primeira vez em quatro anos, o Texas retirou discretamente suas forças policiais estaduais, agentes de investigações criminais, Texas Rangers e equipes táticas das 1.954 milhas do Rio Grande, conforme confirmaram autoridades ao serem questionadas sobre a notável ausência desses efetivos na área de El Paso-Juarez. Tal retirada representa uma espécie de “dividendo da paz” para os agentes estaduais, que enfrentaram anos de turbulência na fronteira.
A Operação Estrela Solitária persiste, mas agora concentrada no interior do Texas, voltada ao combate de crimes associados à fronteira, reconheceu o tenente Chris Olivarez, porta-voz do Departamento de Segurança Pública do Texas. “Estamos apenas realocando os agentes para longe do rio, pois o fluxo de travessias diminuiu consideravelmente”, afirmou. “Há mais soldados, Guarda Nacional e infraestrutura, mas menos cruzamentos, então retornamos ao trabalho tradicional de interdição criminal. Se necessário, podemos reforçar a presença rapidamente.”
Os agentes também foram deslocados para auxiliar o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA na captura de imigrantes criminosos em cidades texanas, informou Olivarez. Unidades aéreas e fluviais do Departamento permanecem em patrulha, embora ajustadas ao reduzido número de travessias ilegais.
Essa reorientação reflete uma transformação significativa desde março de 2021, quando o governador Abbott mobilizou milhares de agentes e membros da Guarda Nacional do Texas para suprir lacunas na fronteira, abertas pela decisão da administração Biden de acolher a maioria dos imigrantes ilegais e realocar a Patrulha de Fronteira para funções administrativas em centros de processamento. Contudo, a queda nas travessias e novas ordens da Casa Branca para que a Patrulha retomasse suas funções habituais justificaram o alívio.
Entre fevereiro de 2024, com 140.641 encontros na fronteira sudoeste (muitos processados para liberação no interior dos EUA), e fevereiro de 2025, com apenas 8.347 (quase todos detidos, deportados ou encaminhados para processos por entrada ilegal), os números despencaram. No Texas, as travessias caíram de 53.460, em sua maioria admitidos há um ano, para 5.016, quase todos deportados, segundo o site da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
Em Juarez, aspirantes a imigrantes ilegais recentemente admitiram desistir das travessias, temendo captura, deportação ou processos nos EUA. Queixam-se, ainda, do aumento exorbitante nas tarifas dos coiotes, devido ao risco elevado de prisão. “A fronteira é um problema”, declarou Angel, ex-soldado venezuelano que agora trabalha como atendente de estacionamento em um shopping em Juarez, ganhando 100 dólares por semana. Chegara dois meses antes, na esperança de ingressar por um programa humanitário temporário via aplicativo CBP One, cancelado por Trump, o que o deixou, como tantos outros, diante de um portão recém-fechado.
“Os que conheço que cruzaram ilegalmente foram pegos e deportados imediatamente para o sul do México, de avião”, relatou. Para ele, uma travessia ilegal está fora de cogitação: os coiotes cobram entre 2.000 e 2.500 dólares e abandonam os migrantes no lado texano. “Os americanos te pegam, te mandam de volta, e você perde o dinheiro”, disse Angel. “Não vou arriscar meu dinheiro nem minha vida.” Ele planeja fixar-se no México por alguns anos.
Com informações The Post.