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Em um marco histórico para o Oriente Médio, o Hamas libertou os 20 reféns israelenses vivos restantes mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza na manhã de 13 de outubro de 2025, em troca da liberação de cerca de 2.000 prisioneiros palestinos detidos em Israel, muitos deles sentenciados a longas sentenças. O acordo, primeira fase de um plano de paz de 20 pontos proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, foi aprovado pelo gabinete israelense na madrugada de 10 de outubro e entrou em vigor ao meio-dia, com tropas israelenses iniciando a retirada parcial para linhas acordadas, controlando cerca de 58% do território. Mediado por Egito, Catar, Turquia e EUA, o pacto inclui a entrega de 25 corpos de reféns nos próximos dias e um influxo massivo de ajuda humanitária para Gaza, devastada por dois anos de guerra. Trump, em visita a Israel anunciada para o dia 14, celebrou o feito como “o fim da guerra”, enquanto famílias em Tel Aviv lotaram a Hostages Square em euforia, e em Gaza, milhares de deslocados iniciaram o retorno ao norte, apesar dos escombros.
Netanyahu, por sua vez, agradeceu a Trump publicamente, mas alertou que o foco agora é “destruir os túneis do Hamas” e garantir a desmilitarização, enquanto o Hamas elogiou o presidente americano por “garantir o fim da guerra”, exigindo implementação plena para evitar violações.
O conflito, iniciado pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 que matou 1.200 israelenses e capturou 251 reféns, acumulou um saldo devastador: mais de 67.000 palestinos mortos e 170.000 feridos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local controlado pelo Hamas, com estimativas israelenses apontando para 38.000 combatentes eliminados, mas analistas internacionais criticam a subestimação de civis, que representam cerca de 83% das vítimas conforme dados vazados do exército israelense até maio de 2025.
Do lado israelense, 1.200 civis e 466 soldados foram mortos em combate, totalizando cerca de 70.000 vidas perdidas no conflito principal, sem contar 217 jornalistas, 120 acadêmicos e 224 trabalhadores humanitários ceifados, incluindo 179 da UNRWA. Entre os 251 reféns iniciais, 168 foram libertados vivos ao longo de trocas anteriores (105 em novembro de 2023, 30 em janeiro de 2025 e os 20 finais agora), mas 75 morreram em cativeiro ou no ataque inicial, com 58 corpos repatriados e 25 ainda pendentes.
Destaque para a brutalidade contra crianças e bebês: o caso de Kfir e Ariel Bibas, de 9 meses e 4 anos, sequestrados com a mãe Shiri Bibas em 7 de outubro de 2023, chocou o mundo quando testes forenses israelenses confirmaram em fevereiro de 2025 que os irmãos foram assassinados “a sangue frio, com as próprias mãos” por militantes do Hamas em novembro de 2023, semanas após o cativeiro; os corpos foram devolvidos em caixões durante uma troca, Shiri permanece desaparecida, com o Hamas alegando morte por bombardeio israelense, refutada por Israel como “mentira cruel”.
Dos 36 reféns infantis, pelo menos duas execuções confirmadas de crianças destacam o horror, simbolizando o fracasso em proteger os mais vulneráveis em meio à guerra.
No coração dessa tragédia, Donald Trump emergiu como arquiteto da pacificação, aplicando “pressão máxima” sobre Israel nos últimos meses para forçar o acordo, conforme fontes da Casa Branca, incluindo viagens de seu enviado Steve Witkoff a Gaza e negociações intensas em Sharm el-Sheikh, onde seu genro Jared Kushner, com laços no Golfo, ajudou a alinhar mediadores árabes.
Desde janeiro de 2025, quando assumiu, Trump intensificou a diplomacia, propondo o plano de 20 pontos em setembro que exige desarmamento do Hamas, retirada israelense gradual e uma força de estabilização internacional liderada pelos EUA, com Trump como “presidente do Conselho de Paz”.
Sua garantia pessoal de monitoramento via força-tarefa militar americana convenceu o Hamas a assinar, evitando repetições de violações passadas, como o rompimento em março de 2025. Em discursos, Trump enfatizou: “Todos estão cansados da luta; isso é o fim da guerra”, prometendo reconstrução de Gaza sem forçar deslocamentos, incentivando palestinos a ficarem e construírem um “Gaza melhor”, com influxo de ajuda e governança alternativa ao Hamas.
Essa mediação chega em momento crítico, com uma guerra civil interna entre facções palestinas ameaçando engolir os escombros de Gaza, onde o vácuo deixado pela retirada israelense expõe disputas ferozes pelo controle de recursos escassos e territórios devastados. Logo após o cessar-fogo de 10 de outubro, o Hamas mobilizou 7.000 combatentes para “reforçar a segurança” em áreas evacuadas como Gaza City, mas confrontos eclodiram em bairros como Sabra, onde o clã Dughmush, opositor armado, trocou tiros com forças do Hamas, matando vários membros, incluindo o filho de um comandante.
Clãs Fatah-afiliados, como al-Mujaida e Khalas, uniram-se ao IDF em emboscadas contra o Hamas em Khan Yunis em 3 de outubro, sinalizando uma “receita perfeita para guerra civil”, conforme analistas, com o Hamas emitindo “perdões” seletivos a gangues para isolar rivais, mas prometendo punir “colaboradores israelenses”.
O Ministério do Interior do Hamas convocou purgas via mensagens, executando supostos traidores, enquanto facções salafistas-jihadistas e remanescentes da Fatah desafiam o monopólio de armas, violando o espírito do acordo que exige desarmamento imediato em nome de um bem comum: a reconstrução e a governança unificada, sem o caos que perpetua o sofrimento palestino.
Trump, ciente do risco, expandiu seu plano para incluir uma força de estabilização árabe-global sob supervisão americana, com Tony Blair vetado pelo Hamas por “más memórias”, visando neutralizar essas facções e impor uma trégua interna.
Em meio aos retornos desesperados de palestinos a casas em ruínas – 78% das estruturas destruídas, segundo a ONU –, o presidente alertou: “Sem unidade, não há paz duradoura; as armas palestinas devem ser entregues para o bem de todos”.
Especialistas veem no acordo uma janela estreita: o Hamas, enfraquecido após perder líderes como Yahya Sinwar em outubro de 2024 e Mohammed Sinwar em maio de 2025, busca consolidar poder, mas clãs rivais e a Autoridade Palestina pressionam por eleições livres, ecoando o conflito Fatah-Hamas de 2007 que dividiu Gaza.
A ONU e ONGs alertam para “fluxo constante de violência interna”, com centenas de milhares em risco, enquanto Trump planeja visitas ao Egito para assinatura formal, reforçando que “ninguém será forçado a sair, mas todos devem construir juntos”.
Se bem-sucedido, o pacto pode redefinir o futuro palestino; caso contrário, os escombros de Gaza se tornarão palco de uma tragédia ainda maior, onde o “bem comum” – paz, reconstrução e unidade – é sacrificado à disputa armamentista.