Washington, 15 de dezembro de 2025 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira, 15, uma ordem executiva que designa o fentanil ilícito e seus principais precursores químicos como “armas de destruição em massa” (WMD, na sigla em inglês). A medida, anunciada durante uma cerimônia no Salão Oval da Casa Branca, representa uma escalada significativa na abordagem do governo americano ao combate ao tráfico de opioides sintéticos, responsáveis por dezenas de milhares de mortes por overdose no país.
“Hoje dou um passo adicional para proteger os americanos do flagelo do fentanil mortal que está inundando nosso país”, declarou Trump ao assinar o documento. “Com esta ordem executiva histórica, classificaremos formalmente o fentanil como uma arma de destruição em massa, que é o que ele realmente é.”
O presidente comparou o impacto da droga a uma guerra química, afirmando: “Nenhuma bomba faz o que isso está fazendo”. Ele alegou que, nos últimos anos, o fentanil causou entre 200 mil e 300 mil mortes anuais, embora dados oficiais dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) indiquem cerca de 80 mil óbitos relacionados a overdoses em 2024, com o fentanil sendo o principal responsável.
A ordem executiva argumenta que “o fentanil ilícito se assemelha mais a uma arma química do que a um narcótico”. Apenas dois miligramas – quantidade quase indetectável, equivalente a 10 a 15 grãos de sal de mesa – podem ser letais. O texto destaca ainda o risco de que a substância seja usada em “ataques terroristas concentrados e em larga escala” por adversários organizados, e que sua produção e venda por cartéis e organizações terroristas estrangeiras financia atividades criminosas globais.
Entre as diretrizes da ordem, destacam-se:
- Instruções ao Procurador-Geral para intensificar investigações e processos judiciais contra o tráfico de fentanil;
- Orientação aos Departamentos de Estado e do Tesouro para adotar ações contra ativos financeiros e instituições ligadas à fabricação e distribuição da droga;
- Mobilização dos Departamentos de Defesa e Segurança Interna para identificar redes de contrabando, utilizando inteligência relacionada a ameaças de armas de destruição em massa.
A assinatura ocorreu durante um evento em que Trump condecorou militares com a Medalha de Defesa da Fronteira Mexicana, reconhecendo seu papel na proteção da fronteira sul. O presidente destacou avanços em sua administração, como uma suposta redução de 50% no fluxo de fentanil pela fronteira e cooperação com a China para diminuir o envio de precursores químicos. “Conseguimos reduzir a cifra para um número muito menor. Não é satisfatório, mas em breve será”, afirmou.
Essa classificação inédita para um narcótico visa mobilizar todos os recursos federais contra os cartéis, muitos dos quais já foram designados como organizações terroristas estrangeiras pelo governo Trump. Anteriormente, o presidente impôs tarifas a China, Canadá e México por supostamente não fazerem o suficiente para conter o fluxo da droga, e autorizou operações militares contra embarcações suspeitas no Caribe.
Especialistas em políticas de drogas, no entanto, questionam o impacto prático da medida. Embora reconheçam a letalidade do fentanil, apontam que leis existentes já preveem penas severas para tráfico, e que a designação como arma de destruição em massa pode ter mais valor simbólico do que efetivo na redução de overdoses. A maioria do fentanil entra nos EUA por portos de entrada terrestres, fabricado no México com químicos provenientes principalmente da China e Índia.
A ordem reforça a visão do governo Trump de tratar a crise do fentanil não apenas como um problema de saúde pública, mas como uma ameaça à segurança nacional. Resta observar se a classificação resultará em mudanças legais imediatas ou em uma intensificação das ações contra o tráfico transnacional.


