JSNEWS – Uma análise detalhada dos dados mais recentes sobre imigração nos Estados Unidos revela uma queda significativa na entrada de imigrantes sem documentos durante os primeiros meses do segundo mandato do presidente Donald Trump, em comparação com o pico de migração registrado sob a administração de Joe Biden. Apesar da redução drástica, os números indicam que a administração Trump ainda permite a entrada de alguns imigrantes em portos de entrada, conforme registros obtidos pelo Transactional Records Access Clearinghouse (TRAC).
Durante o governo Biden, o maior pico de entradas de imigrantes ocorreu em dezembro de 2023, quando o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) registrou quase 250.000 encontros de migrantes na fronteira sul dos EUA em um único mês. Esse número reflete um período de alta pressão migratória, impulsionado por crises econômicas e políticas em países como Venezuela, Cuba e Haiti. Segundo dados do CBP, cerca de 301.000 migrantes foram liberados em portos de entrada em 2023 sob programas de “parole” (Liberdade condicional), como o programa para cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos (CHNV), que permitia até 30.000 entradas mensais.
Além disso, aproximadamente 290.000 migrantes foram liberados entre portos de entrada nos primeiros dois anos do governo Biden, uma prática que facilitou a entrada de solicitantes de asilo enquanto aguardavam audiências judiciais.
As políticas de Biden, incluindo o uso do aplicativo CBP One para agendar pedidos de asilo e a suspensão de medidas como o programa “Remain in Mexico”, foram amplamente associadas ao aumento dos fluxos migratórios.
Durante o período de 2021 a 2024, o CBP registrou cerca de 6,3 milhões de encontros de migrantes na fronteira sul, com uma média anual de 2,5 milhões. No entanto, a administração Biden também intensificou deportações, com 4,6 milhões de remoções ou retornos até novembro de 2024, incluindo um pico de 147.080 deportações em março de 2022.
Com a posse de Donald Trump em 20 de janeiro de 2025, as políticas de imigração sofreram uma mudança radical. A ordem executiva emitida em 22 de janeiro de 2025 suspendeu programas como o CBP One, reimplementou o “Remain in Mexico” e intensificou a fiscalização nas fronteiras, resultando em uma redução drástica nos encontros de migrantes.
Em janeiro de 2025, a média diária de encontros caiu para 1.041, uma redução de 95% em comparação com os 20.086 encontros diários registrados nos últimos dias do governo Biden (dezembro de 2024). Até junho de 2025, os encontros mensais atingiram o menor nível em 25 anos, com apenas 6.070 registros. De acordo com dados obtidos pelo TRAC por meio da Lei de Liberdade de Informação (FOIA), até o final de maio de 2025, 65.870 pessoas foram consideradas inadmissíveis em portos de entrada.
Desse total, 12.347 não-cidadãos foram liberados (parole) para entrar nos EUA, e 2.680 receberam Notificações para Comparecer (NTAs) em tribunais de imigração, sendo autorizados a entrar pelos oficiais do CBP. Esses números representam uma média diária de liberações equivalente a apenas 1% da média diária sob Biden, destacando a abordagem mais restritiva de Trump.Apesar da retórica de tolerância zero, a administração Trump não bloqueou completamente a entrada de imigrantes sem documentos.
Os dados do TRAC mostram que portos como San Diego, São Francisco, Laredo e Tampa continuam sendo os principais pontos de liberação, enquanto Laredo e Nova York lideram na emissão de NTAs. Comparativamente, as liberações sob Trump são cerca de um terço do número diário permitido durante o governo Biden, evidenciando uma mudança significativa na política de fronteira.
Contudo, a permissão de entrada de alguns imigrantes, como indicado pelo TRAC, revela que a política de Trump não é de fechamento total da fronteira, mas sim de controle rigoroso. A continuidade dessas políticas e seu impacto a longo prazo permanecem sob analise.