JCEditores – Na última terça-feira, 08, a Administração de Seguridade Social (SSA) dos Estados Unidos, sob ordens do Departamento de Segurança Interna (DHS), incluiu os nomes de 6.300 imigrantes, majoritariamente latinos, no Death Master File, banco de dados que registra pessoas falecidas. A medida cancelou os números de Seguro Social (SSNs) desses indivíduos, tornando-os inelegíveis para benefícios, empregos legais e serviços financeiros. A ação, confirmada pela porta-voz da Casa Branca, Elizabeth Huston, visa “encorajar a autodeportação” ao inviabilizar a permanência financeira dessas pessoas no país, conforme publicou The New York Times em seu site nessa quinta-feira, 10,
A decisão foi implementada logo após o DHS revogar o status legal temporário de milhares de imigrantes, especialmente de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, que haviam entrado nos EUA sob programas da administração Biden, como o Customs and Border Protection One (CBP One) e o Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela Parole Process (CHNV). Esses programas permitiam permanência temporária e autorizações de trabalho por até dois anos. Em 7 de abril, segunda-feira, Trump anunciou o fim dessas proteções, afetando cerca de 532.000 pessoas.
Já esses 6.300 nomes selecionados para o Death Master File seriam um grupo inicial, com planos de expandir a lista para até 92.000 imigrantes com “condenações criminais” ou “suspeitas de terrorismo”. Contudo, não há evidências públicas detalhando tais acusações.
A inclusão no Death Master File foi operacionalizada por um funcionário da SSA vinculado ao Department of Government Efficiency (DOGE), um grupo consultivo. A rapidez da execução — realizada em um único dia — gerou preocupações sobre a precisão do processo e o risco de erros administrativos.
Consequências
Os Impactos Socioeconômicos são diversos, ao perderem seus SSNs, os imigrantes afetados ficam impossibilitados de trabalhar legalmente, acessar benefícios como Medicaid (1.000 estavam inscritos), seguro-desemprego (41 casos) ou empréstimos estudantis (22 casos), além de enfrentarem dificuldades para abrir contas bancárias ou alugar moradias.
Essa “morte civil” cria uma situação de exclusão financeira que dificulta a sobrevivência nos EUA, pressionando-os a deixar o país. A medida confere ao governo Trump um poder quase absoluto sobre a existência legal dos imigrantes, tratando-os como mortos no sistema financeiro e administrativo dos EUA.
As questões legais e éticas dessa ação esta sendo criticada por contornar o devido processo legal. Organizações como a Democracy Forward planejam processar o governo, argumentando que a medida viola a legislação federal e abusa de sistemas administrativos. Skye Perryman, presidente da organização, classificou a política como “ilegal e abusiva”. Há temores de que erros na seleção dos nomes — comuns em operações de grande escala — possam afetar imigrantes legais ou menores de idade.
A medida intensifica a polarização em torno da imigração, reforçando a base de apoio de Trump, que vê a política como cumprimento de promessas de campanha para conter a imigração irregular. No entanto, também atrai críticas de democratas e defensores dos direitos humanos, que a consideram desumana. A decisão ocorre em um momento em que Trump enfrenta desafios judiciais, como a suspensão de ordens de deportação em massa por uma juíza federal.
No âmbito das relações Internacionais essa decisão pode tensionar laços com países como Cuba, Haiti e Venezuela, cujos cidadãos são os principais alvos.
Motivos Para a Medida
As motivações por trás da ação parecem combinar objetivos políticos, ideológicos e estratégicos. O Cumprimento de Promessas Eleitorais: Durante sua campanha, Trump prometeu uma repressão agressiva à imigração irregular, com foco em deportações em massa. Classificar imigrantes como “mortos” é uma tática inovadora para contornar obstáculos legais e logísticos, como a capacidade limitada de detenções do Immigration and Customs Enforcement (ICE).
Segundo a Porta-Voz da Casa Branca, Elizabeth Huston, a estratégia busca “remover incentivos financeiros” para a permanência nos EUA, forçando imigrantes a sair voluntariamente. Isso evita os custos e a complexidade de deportações físicas, que exigiriam mais recursos do governo.
A medida também reflete a visão de conselheiros como Stephen Miller, que defendem políticas migratórias restritivas. Alegações de “segurança nacional” e “combate ao crime” são usadas para justificar a ação, embora a falta de transparência sobre os critérios de seleção enfraqueça essas alegações.
A demonstração de poder e a ousadia da medida sinalizam a determinação de Trump em implementar sua agenda sem concessões, mesmo enfrentando resistência judicial e pública. A escolha de alvos latinos também pode ser uma tentativa de mobilizar sua base eleitoral, que associa a imigração a questões de segurança e economia.
Enfim, ao classificar 6.300 imigrantes vivos como mortos é uma das ações mais controversas da administração Trump em 2025, subindo mais um degrau em sua insana cruzada contra estrangeiros. Embora apresentada como ferramenta de segurança e eficiência, a medida levanta sérias questões éticas, legais e humanitárias, com impactos devastadores para os afetados.
A ausência de detalhes sobre a seleção dos nomes e a possibilidade de expansão da lista sugerem que o debate sobre imigração nos EUA continuará polarizado, com consequências de longo alcance para a sociedade americana e com reflexos na política externa.