Reuters – Donald Trump e seus aliados republicanos estão intensificando acusações de que a eleição presidencial de 5 de novembro nos Estados Unidos poderia ser distorcida pelo voto generalizado de não cidadãos norte-americanos, em uma série de ações judiciais que, segundo ativistas pela democracia, têm o objetivo de semear a desconfiança.
Pelo menos oito ações judiciais foram movidas questionando os procedimentos de registro de eleitores em quatro dos sete Estados cruciais que devem decidir a disputa eleitoral entre Trump e sua adversária democrata, a vice-presidente Kamala Harris.
Trump e seus aliados dizem que a campanha legal, que inclui uma ampla contestação do status de cidadania dos eleitores no Arizona, é uma defesa da integridade das eleições.
Mas seus processos judiciais oferecem poucas evidências do fenômeno que estudos independentes mostram ser muito raro para afetar os resultados eleitorais, segundo especialistas jurídicos.
“O ex-presidente está tentando fazer o que fez nas últimas três vezes em que concorreu e criar essa narrativa de ‘se eu ganhar, a eleição é válida e se eu perder, a eleição foi fraudada'”, disse a secretária de Estado do Novo México, Maggie Toulouse Oliver, uma democrata.
A campanha de Trump encaminhou um pedido de comentário a um porta-voz do Comitê Nacional Republicano, que disse: “Acreditamos que nossas ações judiciais impedirão o voto de não cidadãos, que ameaça os votos norte-americanos”.
É crime um não cidadão votar em uma eleição federal e, segundo estudos independentes, isso raramente acontece.
Os defensores da estratégia de Trump afirmam que até mesmo uma única cédula de votação ilegal é demais.
O secretário de Estado de Ohio, o republicano Frank LaRose, disse a um painel do Congresso na semana passada que o voto de não cidadãos é uma raridade, mas que fiscalização é necessária para manter essa situação.
Ele disse que seu gabinete identificou recentemente cerca de 600 não cidadãos nas listas de eleitores do Estado, que contêm cerca de 8 milhões de eleitores registrados no total.
“Encontramos 135 este ano que haviam votado. Encontramos outros 400 que estavam registrados, mas ainda não haviam votado. E essa ideia de que isso já é ilegal? É ilegal sequestrar aviões, mas não nos livramos da TSA (sigla em inglês de Administração para a Segurança dos Transportes)”, disse LaRose.
Um estudo das falsas alegações de Trump sobre o voto generalizado de não cidadãos na eleição presidencial de 2016 identificou apenas 30 incidentes entre 23,5 milhões de cédulas de votação, representando 0,0001% dos votos, segundo o Brennan Center for Justice da Universidade de Nova York.