Declarações de Trump sobre Kamala aumentam tensão política
Da Redação – O ex-presidente dos EUA e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, chamou a vice-presidente Kamala Harris de “mente distorcida” e afirmou que ela não estaria apta a ocupar o cargo presidencial após a democrata o chamar de “fascista” em uma sabatina com eleitores indecisos organizada pela rede americana CNN. A afirmação de Kamala ocorreu na esteira de declarações do ex-chefe de Gabinete de Trump, o general John Kelly, de que o republicano se encaixa “na definição geral de fascista” e queria o “tipo de generais que Hitler tinha”.
“A camarada Kamala Harris vê que está perdendo, e perdendo feio, especialmente depois de roubar a candidatura do corrupto Joe Biden, então agora ela está cada vez mais elevando sua retórica, chegando ao ponto de me chamar de Adolf Hitler, e qualquer outra coisa que venha à sua mente distorcida. Ela é uma ameaça à democracia, e não é adequada para ser presidente dos Estados Unidos — e suas pesquisas indicam isso!”, escreveu Trump em uma publicação em sua rede social Truth Social.
Kamala Harris defende acusação de fascismo contra Trump
Kamala acirrou o tom de suas críticas e chamou Trump de fascista na quarta-feira à noite, assumindo uma narrativa que até recentemente era um argumento restrito às fileiras mais baixas do Partido Democrata, que passou anos taxando o ex-presidente como antidemocrático, inapto para servir e criminoso. No evento promovido pela CNN, a vice-presidente concordou com o apresentador ao ser questionada se ela acreditava que Trump atendia à definição de fascista.
“Sim, eu acredito”, disse Kamala, que retomou o tema algumas perguntas depois, referindo-se a Trump do mesmo modo de forma direta. “Elas [eleitores nos EUA] também se importam com a nossa democracia e não ter um presidente dos Estados Unidos que admira ditadores e é fascista.”
Analistas americanos apontam que o ataque direto ao ex-presidente foi uma estratégia da democrata para amplificar notícias publicadas mais cedo, após declarações do ex-chefe de Gabinete de Trump o descrevendo como uma liderança autoritária e que teria feito comentários positivos sobre o chefe da Alemanha nazista, Adolf Hitler.
“É claro que o ex-presidente está na área da extrema direita, é claro que ele é um autoritário, ele admira pessoas que são ditadores, ele mesmo disse isso. Então, sem dúvida, ele se enquadra na definição geral de um fascista, com certeza”, disse Kelly ao New York Times em uma entrevista publicada na terça-feira.
Além de comentários fascistas, Kelly disse ao New York Times que o ex-presidente “certamente prefere a abordagem de ditador para governar”. Também confirmou relatos anteriores de que Trump havia feito declarações de admiração sobre Adolf Hitler, expressado desprezo por veteranos deficientes e caracterizado aqueles que morreram no campo de batalha pelos Estados Unidos como “perdedores” e “otários”, comentários relatados primeiramente pela revista The Atlantic.
Em rede nacional, Kamala retomou os comentários e mencionou diretamente o general Kelly.
“É profundamente preocupante e incrivelmente perigoso que Donald Trump invoque Adolf Hitler, o homem responsável pela morte de seis milhões de judeus e centenas de milhares de americanos”, afirmou Kamala. “Trump está cada vez mais desequilibrado e instável e, num segundo mandato, pessoas como John Kelly não estariam lá para servir de salvaguarda contra as suas tendências e ações.”
A equipe de campanha de Trump, que já havia negado a veracidade dos comentários feito pelo general — classificando-os como “absolutamente falsos”, também refutou a fala de Kamala na noite de quarta. O porta-voz da campanha republicana, Steven Cheung, afirmou em um comunicado que a retórica da candidata democrata seria um sinal de desespero.
“[Kamala] está cada vez mais desesperada porque está vacilando e a sua campanha está em ruínas”, escreveu o porta-voz, acrescentando: “É por isso que continua a espalhar mentiras e falsidades que são fáceis de refutar”.
Reta Final
A 12 dias da eleição presidencial, as pesquisas eleitorais mostram uma disputa acirrada entre Kamala e Trump. A democrata leva vantagem na intenção total de votos nos levantamentos nacionais, mas o republicano está a frente nos estados-pêndulo — apontados como decisivos para a eleição, segundo o RealClearPolling. A vantagem de ambos em cada um dos cenários é mínima.