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Nova York, 27 de setembro de 2025 – Um vídeo chocante que viralizou nas redes sociais continua a repercutir no sábado, após um agente do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) ser afastado de suas funções por empurrar violentamente Monica Elizabeth Moreta-Galarza, uma imigrante equatoriana em busca de asilo, contra uma parede e ao chão, em frente a seus dois filhos pequenos. O incidente, ocorrido na quinta-feira (25) no tribunal de imigração do 26 Federal Plaza, em Lower Manhattan, expôs a tensão crescente nas políticas anti-imigração do governo Trump, com protestos em andamento e demandas por uma apuração criminal mais rigorosa.
A família de Moreta-Galarza, que fugiu da violência no Equador, busca proteção nos EUA, mas o trauma do episódio persiste.O vídeo, capturado por jornalistas e ativistas, inicia no corredor do prédio federal, que abriga o tribunal de imigração e uma instalação de detenção improvisada criticada por condições desumanas, como celas superlotadas e falta de acesso a medicamentos. Moreta-Galarza e sua filha, de idade não revelada, são vistas se agarrando desesperadamente ao marido, Rubén Ortiz, que acabara de comparecer a uma audiência de asilo.
Agentes mascarados do ICE ordenam que ele solte a criança, afirmando: “Solte a menina, você está sendo detido”. Ortiz, que não teve o motivo exato da detenção divulgado, implora: “Eu não fiz nada de errado”.
Em meio ao tumulto, Moreta-Galarza intervém, abraçando o marido e gritando em espanhol: “Levem-me também! Vocês não se importam com nada! Ele vai ser morto!”. Os agentes separam a família à força, arrastando Ortiz para fora, enquanto a filha chora histericamente e o filho assiste à cena. Minutos depois, Moreta-Galarza confronta o agente responsável – descrito como vestindo camisa xadrez azul, boné de beisebol e sem máscara –, que a provoca com “Adiós, adiós”. Quando ela toca seu ombro em súplica, o agente a agarra, empurra-a vários metros pelo corredor, joga-a contra a parede – fazendo-a bater a cabeça – e a derruba no chão. Ele continua gritando enquanto ela está caída, exigindo que a retirem do prédio.
O episódio, presenciado por policiais e observadores, foi filmado em múltiplos ângulos e acumulou milhões de visualizações em plataformas como X (antigo Twitter). Moreta-Galarza, que fugiu do Equador após sofrer agressões e ameaças de morte, foi levada ao hospital com lesões leves na cabeça e no corpo, mas recebeu alta poucas horas depois. Em à CNN, ela expressou sua decepção profunda: “Lá no Equador, eles nos batiam também. Não pensei que viria para os Estados Unidos e a mesma coisa aconteceria comigo”.
A família, que buscava asilo legalmente, agora está separada, com Ortiz detido e seu status incerto. Moreta-Galarza e as crianças buscaram refúgio no escritório do congressista Dan Goldman (D-NY), que postou fotos com eles no X, chamando o ato de “agressão ultrajante contra Monica e seus filhos”.
Resposta da ICE e do DHS
O Departamento de Segurança Interna (DHS), supervisor da ICE, reagiu rapidamente na sexta-feira (26), classificando o comportamento do agente como “inaceitável” e “abaixo do padrão dos homens e mulheres da ICE”. A porta-voz Tricia McLaughlin anunciou que o oficial foi “aliviado de suas funções atuais” (relieved of his duties), uma medida temporária pendente de investigação interna, que inclui análise de câmeras corporais e depoimentos de testemunhas. O DHS enfatizou o compromisso com a “segurança e aplicação da lei”, mas não divulgou o nome do agente ou detalhes sobre possíveis sanções adicionais, como demissão ou indiciamento.
Essa não é a primeira controvérsia envolvendo o oficial: a NPR relatou que ele já foi flagrado em agosto empurrando um observador de tribunal e gritando impropérios.
Pressão por Investigação Criminal e Reações Políticas
Autoridades locais e federais consideram o afastamento insuficiente. O congressista Dan Goldman e o controlador municipal Brad Lander, que foi preso duas vezes no local por protestar contra as detenções da ICE, enviaram uma carta de duas páginas à Procuradora-Geral Pamela Bondi e ao Escritório do Promotor Federal de Manhattan, recomendando uma acusação criminal por felony, incluindo uso excessivo de força e violação da Quarta Emenda (proibição de apreensões irrazoáveis).
Goldman, ex-promotor federal, afirmou no X: “Isso é inaceitável e precisamos de um efeito dissuasório investigando seriamente por crimes”. Lander, que estava no prédio durante o incidente, tuitou: “Quando insistimos em testemunhar, há limites para a crueldade que as pessoas apoiam”.
O prefeito Eric Adams, que se reuniu com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na sexta, emitiu uma declaração por meio de sua porta-voz Liz Garcia: “Como tantos, vimos as imagens perturbadoras, e estamos satisfeitos que o incidente esteja sendo investigado. Nossa cidade é menos segura quando imigrantes têm medo de usar serviços básicos e comparecer a audiências”.
O candidato democrata à prefeitura Zohran Mamdani condenou o “trauma infligido às crianças”, enquanto a campanha de Andrew Cuomo usou o caso para atacar rivais, destacando ações passadas contra a ICE.
O republicano Curtis Sliwa defendeu: “Imigrantes cumpridores da lei não devem ser deportados”.
Repercussão Internacional e Protestos
O caso ganhou dimensões globais, com a Chancelaria do Equador emitindo uma nota oficial exigindo que os EUA investiguem o “uso excessivo de força” contra uma cidadã equatoriana e garantam seus direitos.
O episódio, em meio à escalada de deportações sob Trump, reacende o debate sobre o tratamento humanitário de imigrantes. Enquanto a investigação interna avança, ativistas e líderes prometem vigilância contínua, com atualizações esperadas nos próximos dias se houver encaminhamento criminal. Moreta-Galarza, que representa milhares em processos de asilo, simboliza a fragilidade de quem busca refúgio.