
Medford, 22 de setembro de 2025
Em um ano marcado por polarização extrema e eventos trágicos como o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk em 10 de setembro, o Programa de Extremismo da George Washington University (PoE/GWU) divulgou dados preliminares alarmantes: no primeiro semestre de 2025, os Estados Unidos registraram 520 incidentes de violência política e terrorismo doméstico, resultando em 96 mortes e 329 feridos. Esses números representam um aumento de 35% em relação ao mesmo período de 2024, afetando 48 estados e sinalizando uma “era mais sombria” de extremismo, segundo analistas do PoE.
O relatório, atualizado é baseado em fontes públicas como registros judiciais e inteligência de código aberto, destaca uma distribuição ideológica equilibrada, mas com padrões distintos: a extrema-direita responde por 42% dos casos (218 incidentes, 41 mortes), enquanto a extrema-esquerda representa 28% (146 incidentes, 22 mortes). Outros 18% são jihadistas domésticos e outros 12% de motivações mistas.
O PoE, fundado em 2015 para monitorar jihadismo global, extremismo doméstico e antissemitismo, usa seu “Domestic Extremism Tracker” para mapear esses atos, incluindo assassinatos políticos, ataques a propriedades e ameaças frustradas. “Estamos vendo uma escalada mútua, amplificada por redes sociais e retórica inflamada”, afirma Jon Lewis, pesquisador do PoE, em entrevista recente à CNN.
O relatório enfatiza que 35% dos incidentes visavam alvos governamentais – um salto de 15% em relação a 2024 –, com picos em junho e julho, coincidindo com eleições de meio de mandato e o memorial de Kirk, que atraiu 50 mil pessoas e promessas de “vingança” de figuras como Donald Trump.
Breakdown dos Incidentes: Um Panorama de Caos Bilateral
Os dados do PoE categorizam os atos por ideologia e tipo, revelando como a violência transcende linhas partidárias, mas com assimetrias claras. A extrema-direita domina em letalidade, enquanto a esquerda lidera em volume de ataques a propriedades. Aqui vai um resumo em tabela, baseado no tracker do PoE:
Categoria | Incidentes Totais | Mortes | Feridos | Destaques (Exemplos de 2025) |
Assassinatos/Atentados Políticos | 28 | 42 | 87 | Assassinato de Charlie Kirk (10/09, Utah, por atirador de 22 anos); Melissa Hortman (06/25, Minnesota); Yaron Lischinsky e Sarah Milgrim (21/05, D.C., antissemitismo). |
Ataques a Propriedades/Infraestrutura | 212 | 12 | 45 | Bombardeios pró-Hamas em sinagogas (NY, CA); incêndios em casas de judeus (FL, 03/25); vandalismo em veículos Tesla (150+ casos, ver abaixo). |
Tiroteios em Massa/Ideológicos | 145 | 29 | 112 | Tiroteio no Sky Meadow Country Club (20/09, NH); ataques a manifestações pró-Israel (Boulder, CO, 01/06, coquetéis molotov). |
Ameaças/Plots Frustrados | 135 | 13 | 85 | +40% em ameaças a republicanos pós-atentados Trump (FBI); plots jihadistas em prisões (+15%). |
- Extrema-Direita (42%): Foco em supremacia branca, antissemitismo e anti-imigração. Exemplos incluem ataques a campi HBCU (historicamente negros) pós-memorial de Kirk e recrutamento neonazista via clubes de combate. Responsável por 41 mortes, incluindo picos antissemitas pós-07/10/2023.
- Extrema-Esquerda/Anarquista (28%): Ênfase em eco-terrorismo e anti-capitalismo. Inclui protestos pró-Palestina que escalaram para violência e ataques a propriedades de bilionários (ex.: Tesla, ligado a retórica anti-Trump/Musk).
- Jihadismo Doméstico (18%): Alta em prisões e online, com propaganda ISIS via IA. Plots lone-wolf contra judeus (ex.: D.C., maio).
- Outros/Mistos (12%): Antissemitismo não-ideológico e violência étnica.
Métodos comuns incluem armas de fogo (52%), explosivos/incêndios (28%) e veículos como arma (12%). Alvos principais: políticos/ativistas (25%), instituições religiosas (18%) e infraestrutura crítica (15%).
Fatores agravantes, segundo o PoE, incluem polarização digital (65% ligados a posts no X/Telegram) e cortes no DHS (US$3M em março, sob Trump), que desativaram bancos de dados de extremismo.
Contexto Nacional: De Kirk a Hortman, um Ciclo de Retaliação
O ano de 2025 começou com atentados contra Trump (julho/setembro 2024, ecoando em 2025) e escalou para assassinatos como o de Kirk (Utah Valley University, sniper de um telhado) e Hortman (Minnesota, junho). O memorial de Kirk, com Trump declarando “Eu odeio meus oponentes”, foi criticado como “comício disfarçado de funeral”. Do outro lado, tentativas como o incêndio na residência de Josh Shapiro (Pensilvânia, abril) destacam riscos a democratas. O FBI oferece US$100 mil por infos sobre ameaças pós-Kirk, enquanto o PoE alerta para um “efeito copycat” de 40% em ameaças a republicanos.
Especialistas como Seamus Hughes (deputy director do PoE) atribuem o pico à perda de confiança em instituições (10% dos casos) e recomenda a aplicação de leis mais robustas contra terrorismo doméstico e a educação comunitária, apoiadas pelo Congressional Counter-Terrorism Caucus.
Lacunas na Cobertura de Ataques
Apesar de sua abrangência, o relatório do PoE peca por uma omissão notável: a falta de menção explícita aos 150-200 ataques à Tesla (vandalismo, incêndios criminosos e ataques a tiros em concessionárias e estações de carregamento e veículos), amplamente divulgados e impulsionados por campanhas nas redes sociais como o “#TeslaTakedown”.
Esses incidentes, concentrados de janeiro a maio de 2025, coincidiram com o papel de Elon Musk no DOGE (Department of Government Efficiency), onde ele liderou cortes federais massivos, resultando em 62 mil demissões. Exemplos incluem incêndios em Las Vegas (20/03, cinco Cybertrucks atingidos), coquetéis molotov em Loveland (CO, 07/03) e pichações como “Fuck Trump” e “Nazi” em North Charleston (SC, março).
O FBI formou uma task force, e a procuradora-geral Pam Bondi classificou-os como “terrorismo doméstico”, com sete acusações federais até maio. A ausência desses casos no relatório – apesar de enquadrados como “extremismo de esquerda” em trackers complementares do PoE – dilui o volume de violência não-letal da esquerda (28% dos incidentes), focando excessivamente em letalidade (onde a direita domina, com 43% das mortes). Isso reforça uma narrativa de “paridade forçada”, subestimando como atos de propriedade (como os Tesla, causando US$ milhões em danos e queda de 71% nos lucros da empresa) escalam tensões.
Campanhas no X e Telegram, com hashtags como #TeslaTakedown (mais de 200 protestos globais em 29/03), mostram coordenação ideológica anti-Musk/Trump, mas o PoE os agrega sem destaque, potencialmente para evitar viés político. Essa lacuna sugere que a esquerda atua como iniciadora primária da violência em volume, com protestos e vandalismos criando um ciclo de retaliação onde a direita responde de forma mais letal (ex.: 41 mortes vs. 22).
Um fator crucial a lembrar: nos EUA, a defesa da propriedade é um direito constitucional, frequentemente exercido com armas durante manifestações, como visto em proprietários de casas e comércios armados defendendo negócios em protestos de 2020 (BLM) e 2025 (anti-ICE em Seattle). É de conhecimento amplo que republicanos defendem o direito à autodefesa (2ª Emenda), enquanto democratas priorizam controle de armas – uma assimetria que explica por que respostas de direita tendem a ser mais armadas e fatais, transformando “defesa” em escalada.
O PoE, ao ignorar esses detalhes, perde credibilidade em um ano onde a violência política ameaça a democracia. Relatórios futuros devem integrar esses casos para uma análise holística, evitando narrativas que minimizem o papel iniciador da esquerda dos atos de violência, enquanto a direita é claramente reativa.
Para mais detalhes, como atualizações mensais sobre terrorismo nos EUA, acesse o link: https://extremism.gwu.edu/gw-extremism-tracker.
Baseado em dados do PoE/GWU e fontes como Washington Post, CNN e FBI.