Jehozadak Pereira
Após seis anos de disputas legais, as pessoas que foram vítimas do esquema da pirâmide TelexFREE em cerca de US$ 3 bilhões, receberão parte de seu dinheiro de volta, afirma uma reportagem do The Boston Globe, publicada na quinta- -feira, 9. Durante uma audiência online realizada na quarta- -feira, 8, o juiz Melvin S. Hoff man, do Tribunal de Falências dos Estados Unidos em Boston, aprovou um plano para reembolsar mais de US$ 150 milhões para cerca de 100 mil pessoas que perderam dinheiro quando a TelexFREE entrou em colapso em 2014.
O plano de compensação, desenvolvido por Stephen Darr, administrador de falências nomeado pelo tribunal, fará uma distribuição inicial de 39% a 43% dos pedidos aprovados. A decisão de Hoff man é um marco em um caso complicado com vítimas em Massachusetts, no Brasil e em todo o mundo. Uma batalha legal prolongada entre o IRS e o administrador devido aos impostos devidos ao governo, suspendeu a aprovação do plano de Darr.
A maior parte do dinheiro proveniente dos pagamentos veio da liquidação dos ativos da TelexFREE apreendidos pelo Departamento de Justiça em 2014, cujos recursos foram liberados em 2019. Uma quantia menor veio dos “vencedores líquidos” – pessoas que investiram dinheiro na TelexFREE e conseguiram obter lucros antes que o esquema desmoronasse.
Um pequeno número de disputas legais com tais investidores ainda precisa ser resolvido, disse o advogado Andrew Lizotte, da Murphy & King, que atuou como consultor jurídico do administrador. Lizotte disse que essas questões devem ser resolvidas em um prazo que varia entre seis meses e um ano. A TelexFREE vendeu inicialmente planos de serviços de telefonia via Internet, mas se transformou no que é conhecido como esquema de pirâmide ou Ponzi.
A maior parte de seu dinheiro veio de participantes que foram persuadidos a comprar cotas – essencialmente pequenas contas de investimento – com a promessa de grandes retornos, propagados ostensivamente e cujo trabalho era postar anúncios da TelexFREE na Internet. Os participantes do esquema recebiam créditos em suas contas pelas publicações de anúncios, que os promotores disseram ter sido vistos por muito poucas pessoas, e bônus por recrutar novos participantes, o que alimentava a pirâmide.
Os primeiros participantes conseguiram sacar seus créditos, o que atraiu outros investidores. O esquema entrou em colapso em 2014, quando a TelexFREE não conseguiu trazer dinheiro novo sufi – ciente para pagar os créditos e bônus. A empresa foi iniciada no Brasil e operava a partir de Marlborough em 2013 e 2014. Recrutou muitos de seus membros de Massachusetts nas comunidades brasileira e dominicana.
Aproximadamente um milhão de pessoas perderam dinheiro, com um fluxo estimado em cerca de US$ 3 bilhões entre vários níveis de investidores e a empresa, disseram os promotores. James Merrill, ex-proprietário de uma empresa de limpeza que se tornou presidente da TelexFREE, se declarou culpado de várias acusações de fraude eletrônica em outubro de 2016 e concordou em entregar mais de US$ 140 milhões em ativos.
Ele foi condenado a seis anos de prisão e três anos de liberdade condicional. O parceiro de negócios de Merrill, Carlos Wanzeler, fugiu para o Brasil via Canadá, depois que foram apresentadas acusações contra ele. Atualmente, Wanzeler está preso no Brasil, a espera de uma possível extradição para os Estados Unidos, que já foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em janeiro de 2017, Cleber Rene Rizerio Rocha foi preso em uma operação que, segundo os promotores, o vinculou à lavagem de dinheiro que seria de Wanzeler. Os promotores disseram na época que Wanzeler estava enviando pessoas para a área de Boston para resgatar cerca de US$ 40 milhões que ele havia deixado aqui.
Vigiado, Rocha levou as autoridades a US$ 17,5 milhões em dinheiro escondidos debaixo de uma cama em Westborough. Rocha foi condenado a 33 meses de prisão e um ano de libertação supervisionada depois de se declarar culpado de uma acusação de conspiração para cometer lavagem de dinheiro e uma acusação de lavagem de dinheiro.