
Boston, Massachusetts –
A governadora Maura Healey, governadora de Massachusetts (DEM) enfrenta acusações crescentes de incoerência e prejuízo aos contribuintes após declarar que “nunca impediu gasodutos” em Massachusetts, apesar de seu papel decisivo como procuradora-geral na obstrução de dois projetos bilionários em 2015-2016. Críticos, respaldados por dados econômicos irrefutáveis, argumentam que essa decisão – alinhada à agenda ambiental da era Obama – elevou as contas de energia em até 50%, custando US$ 3-5 bilhões aos consumidores da Bay State. Com o inverno rigoroso à porta e previsões de aumentos de 17% nas tarifas de gás, o debate expõe as contradições entre metas climáticas ambiciosas e a realidade financeira das famílias.
O Papel Decisivo de Healey: De Procuradora a Bloqueadora de Infraestrutura
Como procuradora-geral, Healey assumiu posição ativa contra dois empreendimentos cruciais para suprir Massachusetts com gás natural abundante e barato da Bacia do Apalaches:
- Projeto Northeast Energy Direct (Kinder Morgan): Em setembro de 2015, o Departamento de Serviços Públicos (DPU) aprovou contratos de capacidade para o gasoduto de US$ 3,3 bilhões, que traria 1,5 bilhão de pés cúbicos por dia (Bcf/d). Healey comissionou um estudo do Analysis Group, concluindo que o estado não precisava da infraestrutura, priorizando eficiência energética.
Em dezembro, contestou a aprovação judicialmente. Em 2016, o Supremo Tribunal de Massachusetts anulou a decisão, seguindo sua tese, e a Kinder Morgan abandonou o projeto em abril. Healey celebrou: “Vitória para os contribuintes”. - Projeto Access Northeast (Spectra Energy): Healey enviou o mesmo estudo à Comissão Federal de Regulação de Energia (FERC), questionando a necessidade de 0,9 Bcf/d adicional. A FERC negou certificação por “baixa demanda”, e o projeto foi cancelado em setembro de 2016.
Essas intervenções resultaram na perda de 2,4 Bcf/d de capacidade, deixando a rede interestadual a 95% de ocupação nos picos de inverno.
Em um vídeo de campanha de 2022, já candidata a governadora, Healey gabou-se: “Lembrem-se: eu parei dois gasodutos de entrar neste estado”.
Agora, em outubro de 2025, rebateu jornalistas: “Eu nunca parei pipelines. Defendi os ratepayers contra um mau negócio”.
A Conta Chegou: US$ 3-5 Bilhões em Prejuízos aos Consumidores
A ausência de infraestrutura criou escassez crônica, elevando preços spot para US$ 120/MMBtu em picos – contra US$ 3-5/MMBtu em estados com suprimento abundante como Texas e Pensilvânia. Dados da ISO-NE (operador da rede de Nova Inglaterra) e da EIA confirmam o impacto:
- Inverno 2024-25: Contas de aquecimento residencial subiram até 50%, atingindo US$ 1.200/ano em média (vs. US$ 800 em 2020). Eletricidade: +12% no verão.
Custo Total (2021-2025): US$ 2,2 bilhões só em residências (1,1 milhão de lares × US$ 400 extra/ano), mais US$ 2-3 bilhões em comércio e indústria. Total: US$ 4,2-5,2 bilhões. - Dependência de Importações: 70% do suprimento de pico vem do Terminal de Everett (LNG importado a US$ 20-30/MMBtu), gerando 10 alertas de energia insuficiente desde 2022.
Elijah DeSousa, fundador do Cidadãos Contra Eversource, em New Bedford, resume o sentimento: “Minha conta de gás dobrou: US$ 150 para US$ 300/mês. Healey se gabou de parar os gasodutos. Agora, nós pagamos a conta dela”. O grupo coleta assinaturas para três reformas energéticas no plebiscito de 2026, visando transparência nas faturas.
Motivação Ambiental: Alinhamento com a Era Obama e Ecologistas
A decisão de Healey ocorreu no apogeu da agenda verde de Barack Obama: Acordo de Paris (dezembro de 2015) e Clean Power Plan da EPA. Seu estudo de US$ 500 mil enfatizava eficiência sobre “lock-in” fóssil, ganhando aplausos do Sierra Club e Conservation Law Foundation.
Críticos veem nisso sinalização política: em um estado democrata com leis como o Global Warming Solutions Act (2008), Healey construiu imagem de defensora implacável, pavimentando sua eleição como AG (58% em 2016) e governadora (64% em 2022).“Ao priorizar ecologistas, ela sacrificou a estabilidade econômica”, afirma Paul Diego Craney, da Fiscal Alliance Foundation. Uma pesquisa da entidade com 800 eleitores potenciais mostrou 80% preferindo expansão de gasodutos a renováveis totais, alertando para eletricidade duplicada até 2050 sob metas net-zero.
Contradições e Respostas Oficiais
Candidatos republicanos ao governo, como Brian Shortsleeve e Mike Kennealy, acusam Healey de “gaslighting” (manipulação) e “reescrita da história”.
Shortsleeve: “Ela mentia em 2022 ou mente agora. Os eleitores lembrarão com as contas nas mãos”.
O gabinete de Healey rebate: adota “abordagem de todos os lados“, priorizando confiabilidade. Como AG, apoiou expansão de US$ 972 milhões no Algonquin; em setembro de 2025, endossou nova ampliação, prometendo US$ 400 milhões em economia para clientes em 10 anos. “Precisamos de todas as formas de energia agora”, disse ela, ordenando ao DPU revisão agressiva de tarifas e liberação de solares equivalentes a uma usina a gás.
Ainda assim, empresas preveem +17% no gás para o inverno 2025-26, com a secretária Rebecca Tepper minimizando: “Preços altos por apenas sete dias ao ano”. Críticos replicam: “Pagamos 365 dias por esses sete”.
O Dilema da Bay State: Verde ou Acessível?
Massachusetts, terceiro estado mais caro em energia residencial (US$ 2.200/ano vs. US$ 1.500 nacional), enfrenta um paradoxo: metas climáticas pioneiras versus 16% da renda familiar em contas. A Fiscal Alliance projeta blecautes e duplicação de tarifas até 2050. Healey, outrora heroína verde, agora equilibra pragmatismo – gás transitório mais renováveis – em meio a pressões eleitorais. Com o inverno à espreita e eleições em 2026, os contribuintes julgam: a “defesa dos ratepayers (contribuintes)” de Healey foi genuína ou um custo político disfarçado de virtude ambiental? Os números, implacáveis, sugerem que a conta chegou – e é alta.