Da Redação – Um tranquilizante comumente chamado de “droga zumbi” é contrabandeado através da fronteira sul dos Estados Unidos, conforme relata um médico que há anos estuda o tema. A xilazina, conhecida nas ruas como “tranq”, é um sedativo utilizado por veterinários. Durante a década de 2010, o composto chegou às ruas quase exclusivamente por meio de furtos em clínicas veterinárias, sendo especialmente comum na costa leste americana. Agora, está sendo fabricado e importado do exterior, o que pode ampliar significativamente sua propagação.
Há evidências de que a droga está sendo trazida aos Estados Unidos pela fronteira sul, assim como indícios de desvios do suprimento veterinário doméstico, conforme relatado pelo Dr. Joseph Friedman, pesquisador de longa data sobre a xilazina, em entrevista ao Fox News Digital.
Embora ele reconheça não saber qual proporção da droga é contrabandeada em relação àquela furtada de veterinários nos EUA, seu estudo mais recente, publicado em janeiro, revela a presença do composto em Tijuana e no sul da Califórnia. O estudo demonstrou que a xilazina está sendo misturada ao fentanil em Tijuana, no México, e também está presente em San Diego e, de forma mais ampla, no sul da Califórnia.
A chegada do uso combinado de xilazina e fentanil à crise de overdoses na América do Norte tem sido notável, e a xilazina foi identificada como uma ameaça emergente pelos governos dos EUA e do Chile, pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e, mais recentemente, pelo México, conforme destacado na pesquisa. A substância deixa os usuários em um estado semelhante ao de “zumbis”, pois contrai os vasos sanguíneos e reduz o fluxo de oxigênio no corpo, resultando em abscessos que deterioram a carne. Além disso, a xilazina é particularmente perigosa porque não responde à naloxona, medicamento utilizado para reverter overdoses de opioides. Quando detectada, quase sempre está acompanhada do letal opioide sintético fentanil.
A xilazina é usada quase exclusivamente junto ao fentanil para potencializá-lo, raramente sozinha, conforme observado por Friedman. Em mais de 98% das detecções de xilazina, ela é encontrada combinada ao fentanil, segundo um estudo de 2022 publicado por ele, que também revelou que a presença de xilazina em mortes por overdose saltou de 3,6% em 2015 para 6,7% em 2020. Uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), também de 2022, concluiu que a prevalência da xilazina em óbitos por opioides aumentou de 2,9% em janeiro de 2019 para 10,9% em junho de 2022.
A xilazina está tornando a maior ameaça de droga que o país já enfrentou, o fentanil, ainda mais letal, conforme declarou a DEA (Agência Antidrogas dos EUA) na ocasião. A agência apreendeu misturas de xilazina e fentanil em 48 dos 50 estados, e o sistema de laboratórios da DEA informou que, em 2022, cerca de 23% do pó de fentanil e 7% das pílulas de fentanil apreendidas continham xilazina.