Jehozadak Pereira
Donald Trump já é passado. Página virada e espera-se que ele não seja um espectro a assombrar a democracia americana no seu período de ócio e siga o mesmo caminhos dos ex-presidentes americanos que quando deixam o poder vão dar palestras, fomentar suas bibliotecas, fundações ou institutos e quem sabe cuidar dos livros e pajear os netos, mas jamais se imiscuir nos assuntos da nação, não que não tenham direito, mas para que a política siga o seu curso normal e natural que possibilite o surgimento de novas lideranças.
Quando George W. Bush deixou o poder tinha os mais baixos índices de popularidade de um presidente americano e terminou os seus mandatos ridicularizado.
Aqui nos EUA as autoridades, os políticos e os homens públicos fazem de conta que as troças, as brincadeiras, as gozações, não são com eles, e tiram de letra, pois para eles o direito de expressão é sagrado, e garantido na Constituição. Assume-se que será difícil para Trump dar palestras, cuidar da biblioteca presidencial, pintar quadros ou mesmo cuidar dos netos.
A conferir… Já o presidente Joe Biden, legitimamente eleito terá pela frente um enorme desafio, talvez o maior da sua vida política que será unifi – car o país que está defi nitivamente marcado por divisões profundas, entre ‘nós’ e ‘eles’, que foi devidamente incentivado pelo ex-presidente. Para constatar isto, basta ver o tamanho do aparato de proteção e segurança que assegurou uma cerimônia de posse sem incidentes.
A polarização vai além das diferenças entre republicanos e democratas e atinge as pendengas de séculos e que remontam a Guerra Civil.
Biden governará para todos – quem votou nele, quem não votou – e também quem se absteve de votar, ou seja, será o presidente de todos os americanos, queiram ou não e se precisar vai usar os mecanismos jurídicos para mostrar quem é que manda de verdade. Político habilidoso, Joe Biden terá a incumbência de negociar com o Congresso para que seus projetos sejam aprovadas, principalmente no Senado onde em algumas situações para precisar dos votos dos republicanos.
Terá outro campo de batalha na Suprema Corte, que foi devidamente aparelhada com juízes conservadores, principalmente em questões sociais e de relevância para o país. Tem também a pandemia que impõe desafi os jamais vistos na sociedade americana, que é o de vacinar toda a população – aqueles que querem – e diminuir as desigualdades sociais que aprofundam o rancor de parte da população, principalmente daqueles que não conseguem enxergar grandes avanços para si e suas comunidades.
A recuperação da economia, os acordos climáticos, o acordo com o Irã, a volta para a Organização Mundial da Saúde, entre outras coisas. Viveremos sim, a partir da posse de Biden um novo tempo e só o passar dos dias é que dirá se será bom ou ruim.
Claro, que nós que fazemos parte deste país, esperamos que seja de fato bom e marcante para cada um, e cremos que a eleição dele será sim um tempo de boas notícias, apesar de algumas fi guras agourentas entre os brasileiros-republicanos que não poupam esforços para predizer um futuro pouco promissor para o período de governança do presidente, principalmente pelas armadilhas deixadas pelo ex-presidente.
O mundo carece de novos líderes, que tenham a mente arejada, que remem contra a maré do pessimismo e das barreiras que são impostas por sistemas políticos baseados muitas vezes no preconceito, na raiva, no não, no impedimento.
Joe Biden terá ao seu lado a vice-presidente Kamala Harris, uma mulher negra, fi lha de imigrantes da Jamaica e da Índia, ex-senadora pela Califórnia, conhecida e respeitada pela sua combatividade e posições firmes. Há quem não goste dela, mas isto parece ser irrelevante e certamente será candidata a presidente da república no futuro.
O presidente cercou-se de uma equipe diversifi cada e eclética, com pessoas de diversos estratos da sociedade e da política.
No seu discurso de posse, Biden foi enfático em muitas coisas. Reconheceu que o país passa por um momento conturbado politicamente, falou dos problemas políticos, do supremacismo branco e do terrorismo doméstico e disse que precisa de ajuda para vencer as dificuldades, apelando para a boa vontade da população. Cercado de tantas expectativas, Biden tem tudo para fazer um bom mandato, e mesmo aos 78 anos, parece ter vitalidade e disposição para governar.
Nossa expectativa é que ele seja protegido e guiado por Deus para cumprir a bom termo sua passagem pela Casa Branca e seja um presidente justo e consciente do papel que desempenha