Da Redação – O presidente argentino, Alberto Fernández, vai se reunir nesta segunda-feira (31) em São Paulo com Luiz Inácio Lula da Silva após a vitória eleitoral do petista – informou a Presidência argentina.
A reunião vai acontecer por volta do meio-dia, informaram fontes oficiais à agência estatal Télam. O presidente viajará acompanhado do chanceler argentino, Santiago Cafiero.
Fernández se comunicou por telefone com Lula na noite de domingo, após saber de sua vitória no segundo turno contra o atual presidente Jair Bolsonaro.
“Te espero amanhã (segunda-feira) para te dar um abraço”, disse Lula na conversa, segundo fontes oficiais. Lula, de 77 anos, ganhou por 50,9% dos votos, contra 49,1% para Bolsonaro.
O presidente argentino comemorou o resultado eleitoral com uma mensagem no Twitter, considerando que Lula “traz esperança para a América Latina”.
“Sua vitória abre um novo tempo para a história da América Latina. Um tempo de esperança e de futuro que começa hoje mesmo”, sustentou.
“Depois de tantas injustiças que você viveu, o povo do Brasil o elegeu e a democracia triunfou. A América Latina sonha”, acrescentou.
América do Sul em vermelho
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva consolida o eixo político de forças progressistas nas seis principais economias da América Latina. Além do Brasil, México, Argentina, Brasil, Peru, Colômbia e Chile são liderados por presidentes socialistas.
Há ainda os que se apresentam como esquerdistas, como Cuba, Nicarágua e Venezuela, mas professam o autoritarismo, sem alternância de poder, exercidos por Miguel Díaz Canel, Daniel Ortega e Nicolás Maduro.
Se anteriormente deu apoio aos regimes autoritários da região, Lula terá de repensar como se relacionar com eles. Ortega prendeu opositores para se reeleger, persegue padres e fecha igrejas. Maduro sobrevive graças à aliança com os militares. O regime cubano incrementou no último ano a perseguição às demandas da população, que enfrenta a penúria econômica e frequentes apagões de energia.
Os tempos são outros e as insatisfações mais prementes numa região duramente castigada por pandemia e desaceleração econômica. Assim como Lula, que venceu com 50,8% dos votos válidos, os demais governantes lideram países rachados internamente, sem margem para mudanças bruscas.
Eleito no ano passado pelos chilenos, com 55,8% dos votos, Gabriel Boric derrotou a extrema-direita inspirada no pinochetismo, mas não conseguiu emplacar a proposta da nova Constituição, rejeitada em referendo com 78,2% dos votos.
O colombiano Gustavo Petro teve 51,6% dos votos, acenou para os vizinhos da Venezuela e desfrutou de uma curta lua de mel com a população. O prestígio de 56% caiu dez pontos, segundo pesquisa da Invarmer Poll, realizada entre 8 e 18 de outubro nas cinco principais cidades colombianas. Para 64% dos entrevistados, o país vem piorando com o presidente e apontam as contradições entre os ministros sobre a mudança na matriz energética e a incerteza sobre a reforma tributária em debate no Congresso.
Em 16 meses de governo, o presidente do Peru, Pedro Castillo, lidou com três tentativas de impeachment, cercado por uma crise permanente e escândalos de corrupção envolvendo familiares e ministros.
O argentino Alberto Fernández enfrenta uma relação truncada com a vice Cristina Kirchner e graves problemas econômicos.