JUNOT – Na noite de 18 de junho, cerca de 250 manifestantes invadiram uma instalação do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em Portland, Oregon, lançando fogos de artifício, apontando lasers contra agentes federais e forçando entrada no prédio, conforme relatado pela Newsweek. Cinco pessoas foram presas, incluindo Eduardo Diaz, acusado de usar um laser para cegar agentes, e Mariana M. Rivera-Loza, por invasão criminal.
A resposta das autoridades incluiu gás lacrimogêneo e munições não letais, em um episódio que reflete a crescente tensão em torno das políticas migratórias do segundo mandato de Donald Trump. Mas será que ações violentas como essas, que misturam ativismo com atos de vandalismo, realmente pressionam o governo federal a rever suas políticas migratórias? Ou apenas reforçam a narrativa de que medidas mais duras são necessárias para conter o que a administração pode rotular como “caos”?
This happened yesterday in Portland.
Violent mob of 250 rioters attacked federal law enforcement—launching fireworks, aiming lasers into officers’ eyes to blind them, and storming an ICE field office.
This wasn’t a protest. It was an orchestrated assault on federal agents—and… pic.twitter.com/JtYoQFwG8J
— I Meme Therefore I Am 🇺🇸 (@ImMeme0) June 19, 2025
Portland não é um caso isolado. A cidade tem histórico de protestos contra o ICE, como o movimento “Occupy ICE” de 2018, que paralisou temporariamente uma instalação local em resposta às políticas de “tolerância zero” de Trump.
Naquele ano, manifestantes acamparam por semanas, bloqueando acessos e exigindo o fim das detenções de imigrantes. Embora tenham gerado visibilidade, esses protestos não alteraram significativamente as políticas federais, que continuaram focadas em deportações. Em 2025, com a intensificação das batidas do ICE, outras cidades americanas também viram protestos semelhantes.
Em Los Angeles, em janeiro de 2025, manifestações contra operações de deportação em massa resultaram em confrontos com a polícia, com relatos de bloqueios de ruas e prisões. Em Nova York, ativistas organizaram vigílias e marchas pacíficas em frente a centros de detenção, mas também houve episódios de vandalismo, como pichações em prédios federais. Chicago e Seattle registraram protestos com táticas variando de bloqueios pacíficos a enfrentamentos diretos com agentes, incluindo o uso de barricadas e projéteis leves.
Esses atos, embora motivados por uma causa legítima — a defesa dos direitos de imigrantes frente a políticas vistas como desumanas —, frequentemente cruzam a linha para a violência, como em Portland, onde lasers e fogos de artifício foram usados como armas.
A questão que fica é: ações radicais como essas realmente intimidam a administração federal a ponto de mudar suas políticas migratórias? Ou, ao contrário, fornecem munição para o governo justificar medidas ainda mais repressivas, como o envio da Guarda Nacional, como visto em Los Angeles em 2025? A história sugere que o governo Trump, tanto em seu primeiro quanto no segundo mandato, responde à pressão violenta com mais força, não com concessões. Em 2020, durante os protestos de Black Lives Matter em Portland, o envio de agentes federais para conter manifestantes foi intensificado após episódios de violência, o que aumentou a repressão em vez de abrir espaço para diálogo.
Exemplos concretos reforçam essa dinâmica. Em 2019, um homem armado atacou um centro de detenção do ICE em Tacoma, Washington, com coquetéis molotov, sendo morto pela polícia. O incidente, amplamente condenado, foi usado pela administração Trump para pintar ativistas pró-imigração como extremistas, justificando maior vigilância e financiamento para o ICE.
Em 2025, posts no X indicam que o ataque em Portland foi descrito por autoridades como um ato de “turba violenta”, com figuras como Tricia McLaughlin, do Departamento de Segurança Interna, prometendo processar os responsáveis com rigor. Essa retórica sugere que, longe de ceder, o governo usa esses episódios para reforçar sua narrativa de “lei e ordem”.
Por outro lado, protestos pacíficos, como as vigílias em Nova York ou as marchas organizadas em Chicago, tendem a atrair mais apoio público e pressionar por mudanças legislativas, ainda que lentas. Em 2018, a pressão pública e midiática levou à suspensão temporária da política de separação de famílias na fronteira, embora as deportações continuassem. Isso levanta outra pergunta: será que o radicalismo, ao invés de acelerar mudanças, aliena potenciais aliados e polariza ainda mais o debate? Em Los Angeles, por exemplo, a presença da Guarda Nacional após protestos em 2025 indica que ações violentas podem justificar escaladas militares, não revisões políticas.
Então, leitor, o que você acha? A invasão de prédios do ICE, o uso de lasers e fogos de artifício, ou o confronto direto com agentes federais têm alguma chance de forçar o governo a suavizar suas políticas migratórias? Ou essas ações apenas fortalecem a posição de uma administração que já demonstrou pouca disposição para recuar diante de pressões violentas?
A história mostra que mudanças duradouras vêm de pressão pública ampla e estratégias pacíficas, não de atos que, embora motivados por indignação justa, acabam servindo como pretexto para mais repressão.