
Boston, 06 de Agostos de 2025 – O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) identificou, na terça-feira,05, 35 jurisdições como “santuários”, acusadas de dificultar a aplicação das leis federais de imigração. Boston está entre as cidades listadas, ao lado de estados como Nova York, Califórnia, Connecticut, Rhode Island, Vermont, Colorado e Illinois, além de condados como Baltimore, em Maryland, e Cook, em Illinois.
A lista, composta majoritariamente por áreas democratas, responde a uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump em abril, exigindo que o Departamento de Segurança Interna (DHS) e o procurador-geral apontem jurisdições que obstruem as políticas de imigração. “As políticas santuários impedem a aplicação da lei e colocam os cidadãos americanos em risco”, declarou a procuradora-geral Pamela Bondi. Segundo ela, o DOJ continuará processando essas jurisdições e colaborando com o DHS para eliminar tais políticas.
A lista substitui uma versão anterior, publicada em maio pelo DHS, que incluía centenas de jurisdições, mas foi retirada após críticas por erros. Locais que apoiavam as políticas de Trump e até uma cidade autodeclarada “não santuário” apareceram na lista inicial, que citava 12 cidades de Massachusetts. A nova versão menciona apenas Boston.
O Departamento de Justiça divulgou critérios para inclusão na lista e prometeu atualizá-la com novas informações. Jurisdições que desejarem sair da lista podem trabalhar com autoridades federais para revisar suas políticas, segundo o comunicado.
A inclusão de Boston gerou controvérsia. “Boston segue todas as leis, então dizer que estamos em uma lista de cidades que não seguem a lei federal é simplesmente falso”, afirmou a prefeita Michelle Wu em maio, quando a primeira lista foi divulgada. Contudo, as autoridades locais de Boston limitam a cooperação com o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE), prática comum em cidades consideradas “santuários para imigrantes”. Essa restrição pode gerar interpretações conflitantes sobre o cumprimento das leis federais, sugerindo uma contradição na declaração de Wu.
Disparidades entre estados democratas e republicanos
Dados do Deportation Data Project da UC Berkeley, analisados pela CNN, revelam diferenças marcantes nas operações do ICE. Em estados que votaram em Trump, 59% das prisões ocorrem em cadeias e prisões. Já em estados democratas, 70% das detenções acontecem em operações em locais de trabalho, ruas e em Blitz, desencadeando protestos como observados em cidades como Los Angeles, Boston, Worcester e Nova York.
Em Massachusetts, 94% das prisões do ICE ocorrem em comunidades (Blitz), e 78% dos detidos não possuem antecedentes criminais. Autoridades de federais atribuem essas disparidades às políticas ‘santuários’. “Cidades santuários vão ter exatamente o que não querem: mais agentes nas comunidades e mais operações em locais de trabalho”, afirmou Tom Homan, o czar de fronteira da administração Trump.
Todd Lyons, diretor interino do ICE e ex-chefe do escritório regional de Boston, reforçou: “Se as cidades santuários entregassem criminosos violentos para nossa custódia, não precisaríamos fazer operações evitando com isso ‘efeitos colaterais’.”
A análise da CNN mostra que, desde o início do mandato de Trump até junho, as prisões do ICE aumentaram. Em 2024, sob Biden, 62% das detenções ocorreram em prisões e 27% em comunidades. Já no governo Trump, 49% das detenções são efetuadas em prisões, quando um indocumentado é preso por algum delito, e 44% em comunidades, com variações entre estados.
Estados republicanos, onde departamentos policiais aderem a programas de colaboração com o ICE, facilitam prisões em cadeias. Já estados democratas enfrentam operações comunitárias mais intensas, criando um sistema fragmentado onde imigrantes enfrentam realidades distintas dependendo de onde vivem.
Enquanto isso, as operações do ICE continuam impactando algumas comunidades de Massachusetts como Chelsea e Everett, onde o medo de detenções altera a vida cotidiana, dos negócios locais às rotinas escolares. Com o aumento do orçamento do ICE, as tensões entre jurisdições santuários e o governo federal devem persistir.