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Um aluno britânico da Universidade de Boston (BU) que preside o diretório estudantil dos republicanos locais transformou-se em figura central de uma controvérsia em Allston após admitir ter acionado repetidamente o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE). As denúncias culminaram na detenção de nove funcionários do lava car, segundo apurou a revista Newsweek em matéria publicada nesta semana.
Zac Segal, 21 anos, nascido em Londres e integrante das equipes de atletismo da BU, publicou na rede X que vinha ligando para o ICE “há meses” sobre o estabelecimento próximo de sua residência. “Esta semana eles finalmente atenderam meu pedido e prenderam esses criminosos”, escreveu.
I’ve been calling ICE for months on end. This week they finally responded to my request to detain these criminals. As someone who lives in the neighborhood, I’ve seen how American jobs are being given away to those with no right to be here. Pump up the numbers! https://t.co/jJtm9KzvU6
— Zac Segal (@endthehiding) November 7, 2025
A operação ocorreu em 4 de novembro e envolveu 22 agentes federais, conforme relatado pela Newsweek. A porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS), Tricia McLaughlin, confirmou à publicação que a ação resultou na prisão de nove pessoas em situação irregular. Um dos detidos havia sido deportado anteriormente e reingressara ilegalmente — delito classificado como crime federal. O DHS, porém, não informou se as chamadas de Segal foram determinantes para a blitz.
Do outro lado, o advogado Todd Pomerleau, que representa os nove trabalhadores (cinco mulheres e quatro homens), garante à Newsweek que todos possuem permissão legal de trabalho. “Ficar além do visto não é crime; pedir asilo não é crime”, argumentou, criticando a ausência de mandados durante a operação. Segundo ele, os funcionários foram impedidos de buscar documentos no vestiário e “jogados em vans sem devido processo”.
A Newsweek destaca que o caso expõe tensões locais em meio à política de deportação em massa do governo Trump. No campus da BU, cartazes com a foto de Segal e os dizeres “RACISTA” e “FASCISTA” surgiram em repúdio. Já o presidente nacional dos Republicanos Universitários, Martin Bertao, classificou o estudante como “herói” e exortou filiados a seguir seu exemplo.
Pomerleau ironizou a narrativa de Segal: “Se imigrantes tiram empregos de americanos, ele mesmo não ocupa a vaga de um estudante local, sendo britânico?”. O gerente da lavagem, Jose Barrera, relatou à imprensa local que agentes chegaram com intimações, mas iniciaram prisões antes que papéis fossem apresentados. A
Newsweek aponta ainda condições precárias nas detenções: falta de alimento, medicação e acesso a advogados. Quatro mulheres foram mantidas inicialmente na sede regional do ICE em Burlington; uma foi transferida ao Texas apesar de ordem judicial, sendo agora reconduzida à Nova Inglaterra.
Habeas corpus já foram protocolados. A vereadora Liz Breadon (Boston) qualificou a ação como “sequestro” e “perseguição vingativa” contra a cidade. Já McLaughlin celebrou: “Temos a fronteira mais segura da história”.
Os nove detidos seguem sob custódia federal enquanto a defesa busca audiências de fiança. O episódio, conforme a Newsweek, reflete o acirramento do debate imigratório em nível comunitário — com um estudante estrangeiro no centro da tempestade.



