
Na manhã desta terça-feira (11), a Polícia Federal deflagrou a Operação Tarja Preta, cumprindo seis mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão temporária em endereços residenciais e comerciais de Rio das Ostras, na Região dos Lagos (RJ). A ação, que contou com apoio do Ministério Público Federal (MPF), dos Correios e de autoridades norte-americanas, resultou na prisão de duas pessoas e na desarticulação de uma organização criminosa especializada na exportação ilegal de medicamentos psicotrópicos para os Estados Unidos.
O líder do esquema, um brasileiro residente em Orlando (Flórida), foi localizado e detido por oficiais do governo dos EUA. Ele aguarda deportação para o Brasil. Durante as buscas no RJ, outro investigado foi preso em flagrante após agentes encontrarem grande quantidade de remédios controlados em sua residência. Ao todo, quatro pessoas físicas e duas empresas estão na mira da PF, que não divulgou os nomes dos envolvidos.
As investigações, iniciadas em 2023, revelaram uma estrutura hierárquica bem definida: farmácias fornecedoras, intermediários e receptadores nos EUA. Os envios eram feitos sem prescrição médica, violando normas sanitárias brasileiras (Portaria SVS/MS nº 344/98) e americanas. Entre os medicamentos interceptados pela PF e pelo U.S. Customs and Border Protection (CBP), em parceria com a Drug Enforcement Administration (DEA), estão Zolpidem, Alprazolam, Clonazepam, Pregabalina e Ritalina – todos classificados como psicotrópicos ou entorpecentes. Dezenas de remessas foram barradas nos últimos dois anos.
A apuração também identificou movimentações financeiras atípicas e transferências bancárias suspeitas, configurando fortes indícios de lavagem de dinheiro. Os investigados poderão responder por organização criminosa e tráfico internacional de drogas, além de outros crimes que surgirem no decorrer do inquérito.
Um mercado que não para de crescer
Este não é um caso isolado. O comércio clandestino de medicamentos brasileiros nos EUA já rendeu prisões e condenações milionárias em anos anteriores, comprovando que o negócio continua altamente lucrativo. Em março de 2025, quatro brasileiros foram presos em Framingham (Massachusetts) por operar um “consultório médico clandestino” que distribuía remédios controlados importados ilegalmente do Brasil.

O grupo movimentou centenas de milhares de dólares. Entre os itens vendidos no “consultório” os agentes federais americanos encantaram:
- Comprimidos de Codeína,
- Tramadol,
- Clonazepam e morfina.
A promotora federal Leah B. Foley disse, naquela ocasião, que o esquema como “exploração cruel da confiança da comunidade brasileira nos EUA”.
Casos como esse e a Operação Tarja Preta mostram que, apesar das sucessivas ações bilaterais entre PF, DEA e CBP, o tráfico de “remédios do Brasil” segue sendo um dos mercados ilegais mais rentáveis da diáspora brasileira nos Estados Unidos – um negócio que mistura saúde pública, imigração clandestina e crime organizado transnacional.
A PF afirma que as investigações continuam e novos mandados podem ser expedidos nas próximas semanas. Quem tiver informações sobre esquemas semelhantes pode denunciar anonimamente pelo disque-denúncia 181 ou pelo site da Polícia Federal.


