JSNEWS – Uma denúncia da Reuters, publicada em 12 de maio de 2025, revelou um esquema bilionário de triangulação que disfarça petróleo venezuelano como brasileiro para exportação à China, contornando sanções dos Estados Unidos.
Entre julho de 2024 e março de 2025, 2,7 milhões de toneladas (cerca de 20 milhões de barris, ou 67 mil barris por dia) de petróleo venezuelano, avaliadas em US$ 1,2 bilhão, foram falsamente rotuladas como “mistura de betume” brasileira. A escala, envolvendo cerca de 10 a 15 navios-tanque, levanta sérias questões sobre a alegação de desconhecimento da Petrobras, sugerindo negligência grave ou, no pior cenário, conivência.
Como Funciona a Triangulação
O esquema, descrito como sofisticado, opera em três frentes:
- Primeiro, o petróleo venezuelano, principalmente o tipo Merey, é reclassificado como “betume brasileiro” por traders, como a chinesa Hangzhou Energy, para burlar sanções dos EUA impostas à Venezuela desde 2019.
- Segundo, navios-tanque utilizam “spoofing”, falsificando sinais de localização (AIS) para simular que partem de portos brasileiros, quando, na verdade, saem da Venezuela. Um exemplo é o navio Karina, que carregou 1,8 milhão de barris na Venezuela em fevereiro de 2025, mas registrou origem brasileira antes de descarregar na China em abril.
- Terceiro, certificados de origem são manipulados, permitindo à China importar o petróleo sem violar cotas de importação de petróleo bruto. Essa prática economiza quatro dias de viagem ao evitar centros de transbordo, como a Malásia, e facilita financiamento bancário.
Quem Descobriu o Esquema
A Reuters desvendou o caso combinando múltiplas fontes: dados da alfândega chinesa, que registraram importações de “betume brasileiro” inexistentes nos registros brasileiros; rastreamento marítimo por empresas como TankerTrackers.com e Vortexa Analytics, que detectaram o spoofing; documentos internos da PDVSA, estatal venezuel.consumea; e entrevistas com quatro traders e fontes chinesas. A investigação expôs a discrepância entre os 2,7 milhões de toneladas importadas pela China e a negativa da Petrobras, que, segundo sua presidente, Magda Chambriard, exporta apenas petróleo do pré-sal, não betume.
Impossibilidade de Desconhecimento
Com 10 a 15 navios operando ao longo de nove meses, é implausível que a Petrobras, principal exportadora de petróleo do Brasil, e órgãos como a ANP e a Receita Federal não tenham percebido o esquema. A estatal gerencia a logística marítima via Transpetro e tem acesso a sistemas de rastreamento avançados.
A ausência de exportações de betume nos registros brasileiros deveria ter acionado alertas, especialmente considerando o volume (67 mil barris por dia) e a repetição das operações. A falta de ação prévia sugere, no mínimo, falhas graves de fiscalização, alimentando suspeitas de conivência passiva.
Politização e Histórico de Corrupção
O caso ganhou contornos políticos devido ao histórico de corrupção associado ao PT, que governa o Brasil sob Lula desde 2023. A Operação Lava Jato (2004-2014) revelou desvios bilionários na Petrobras, com propinas a executivos e políticos, muitos ligados ao PT.
Veículos como Revista Oeste e Gazeta do Povo sugerem que a proximidade ideológica do PT com o regime de Nicolás Maduro, aliado no Foro de São Paulo, poderia explicar a negligência.
Pelas redes sociais diversos usuários criticam o silêncio do governo, insinuando conivência motivada por laços com a Venezuela. Embora não haja provas de corrupção direta, a reaproximação com Maduro, como a compra de energia venezuelana para Roraima em 2025, reforça a narrativa de tolerância ideológica.
Riscos Diplomáticos
O esquema expõe o Brasil a riscos diplomáticos. Os EUA, que sancionam a Venezuela, podem pressionar o governo brasileiro por esclarecimentos, especialmente se o país for percebido como conivente.
A Petrobras, listada na NYSE, enfrenta risco reputacional caso associada ao caso, podendo sofrer sanções ou perda de confiança de investidores. A China, principal beneficiária do petróleo, provavelmente manterá silêncio, mas a exposição do esquema pode forçar maior discrição em futuras operações.
No Brasil, o requerimento do deputado Nelson Padovani para convocar o presidente da Transpetro indica que investigações internas estão começando, mas o silêncio do Planalto sugere cautela para evitar atritos com Caracas ou Pequim.
US$ 1,2 bilhão
O esquema de triangulação, envolvendo 10 a 15 navios e US$ 1,2 bilhão, é grave demais para ter passado despercebido pela Petrobras sem negligência ou conivência. A politização, alimentada pelo histórico de corrupção do PT e sua amizade com Maduro, amplifica suspeitas, mas carece de provas concretas. As reações internacionais, especialmente dos EUA, podem pressionar o Brasil, enquanto investigações parlamentares buscam esclarecer o caso.
A credibilidade da Petrobras e a imagem do Brasil estão em jogo.



 
			 
			 
                                
                             