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Nas últimas 24 horas, sirenes e protestos ecoaram na Califórnia, em Illinois e em Washington (DC) contra o Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE), que intensificou operações de fiscalização em dois estados do Centro-Oeste e do Nordeste, detendo dezenas de imigrantes indocumentados em locais de trabalho. As ações reportadas expõem as fricções crescentes da política de deportações em massa da administração Trump, com impactos que vão de famílias separadas a comunidades em alerta máximo. Embora não haja registros de detenções em massa na Flórida ou em New England nesse período, a ansiedade se alastra por essas regiões, especialmente em Massachusetts, onde rumores de raids alimentam um clima de medo.
Já os protestos que irromperam em Chicago (Illinois), com 30 ativistas detidos por “interferir” em operações, e relatos de detenções acidentais de cidadãos americanos – como os quatro americanos detidos em Nova York e soltos após 24 horas, esses incidentes alimentam acusações de abuso.
Duas blitz registradas nas ultimas 24h: New Jersey e Minnesota
Nessa quarta-feira, 29 de outubro, em Hibbing, uma pacata cidade mineira no norte de Minnesota, com cerca de 16 mil habitantes agentes do ICE, em coordenação com o Escritório do Xerife do Condado de St. Louis invadiram dois restaurantes mexicanos populares: o El Charro Mexican Bar and Grill e a La Tequila Taco Shop. O alvo inicial era uma investigação sobre tráfico de cocaína, mas a operação se ampliou para violações imigratórias.
Oito pessoas foram detidas no local – incluindo o proprietário dos estabelecimentos – algemadas e levadas em vans federais sem outros incidentes reportados.
Documentos falsos e uma arma ilegal foram apreendidos, e um suspeito foi indiciado por venda de entorpecentes. “Nossa prioridade são alienígenas criminosos que ameaçam a segurança pública”, declarou um porta-voz do ICE em comunicado oficial divulgado na manhã de quinta-feira, 30, confirmando as prisões como parte de uma “investigação em curso”.
Moradores locais, como o fotógrafo independente que flagrou a cena, descreveram o momento como “tenso, mas rápido”: agentes em coletes à prova de balas entraram ao meio-dia, interrompendo o almoço de clientes habituais e realizaram as detenções.
Em Nova Jersey uma blitz em um centro de Logística em Woodbridge, no condado de Middlesex – uma área industrial a 30 km de Nova York – deteve cerca de 50 Trabalhadores na tarde dessa quarta-feira. A inspeção surpresa no armazém Savino Del Bene, sede americana de uma gigante italiana de logística resultou na detenção de entre 40 a 50 trabalhadores presumidamente indocumentados. Mulheres com filhos em idade escolar estavam entre os afetados, essas pessoas foram separadas de suas rotinas diárias em um piscar de olhos.
Os agentes, armados e em equipes táticas, bloquearam as saídas do prédio de 20 mil metros quadrados por volta das 14h, verificando documentos e conformidade com leis de emprego e segurança. “É uma inspeção de rotina para garantir o cumprimento das normas federais”, minimizou um porta-voz da CBP, mas ativistas locais chamam de “caça seletiva”. Vídeos amadores postados em redes sociais mostram pânico: trabalhadores correndo para salas internas, enquanto vans pretas sem identificação levavam os detidos para centros de processamento próximos.
Essa é a terceira ação similar no condado em três meses – as anteriores, em julho e agosto, em Edison, detiveram mais de 40 pessoas no total.
Tensão Invisível: Florida e Massachusetts
Enquanto as detenções se concentram no Centro-Oeste, um silêncio opressivo paira sobre a Flórida e New England, onde não há relatos de raids nas últimas 24 horas, mas a expectativa de ações iminentes paralisa comunidades.
Na Flórida, epicentro de operações como a “Operation Tidal Wave” (que deteve 1.120 pessoas em abril e maio), distritos escolares do sul do estado – de Miami a Orlando – emitiram alertas preventivos: “Preparem-se para raids em escolas e igrejas”, lembram os memorandos internos, após diretrizes do Departamento de Segurança Interna (DHS) que revogaram proteções em locais “sensíveis”.
Em New England, especialmente em Massachusetts, na região metropolitana de Boston, ativistas distribuem “kits de denúncia” (apitos e cartões com direitos) em massa, enquanto escolas reportam absenteísmo de até 20% entre alunos latinos e haitianos. Em Framingham, 35 km a oeste de Boston, com sua vibrante população brasileira e centro-americana, o receio é palpável alimentadas por rumores de uma “segunda onda” da Operation Patriot – que deteve 1.500 em maio e junho – circulam em fóruns locais e nas redes sociais.
Essas ultimas ações do ICE em Minnesota e Nova Jersey se inserem em um mosaico maior: o ICE visa 1.200-1.500 detenções diárias, mas mais de 75% dos custodiados não têm condenações além de violações imigratórias, segundo dados do próprio agência.
No horizonte, o shutdown governamental limita a transparência, enquanto democratas no Congresso exigem auditorias. Para os imigrantes que viram colegas sendo algemados elo ICE, o recado é claro: “Aqui, ninguém se sente seguro”.


