Por: Alfredo Melo (info@jsnewsusa.com) –
Lamartine de Azeredo Babo, compositor e formado em ciências jurídicas e sociais na antiga Faculdade Nacional de Direito, atual Faculdade de Direito da UFRJ, nasceu em 1904, mesmo ano de fundação do América Futebol Clube, e no mesmo bairro onde ficava o campo do América.
Tijucano e americano fanático, era um grande gozador e suas letras tinham um humor refinado e irreverente. Em 1960, comemorando o título de campeão carioca do América, desfilou por toda a cidade do Rio de Janeiro, em um Cadillac conversível, fantasiado de diabo. Por suas marchinhas carnavalescas, cantadas até hoje, como ‘O teu cabelo não nega’, ‘Linda morena’, ‘Grau 10’ entre tantas outras, era considerado o ‘rei do carnaval’ e compunha também, outros gêneros musicais, como por exemplo em 1937, quando na cidade mineira de Boa Esperança, compôs o samba-canção, ‘Serra da Boa Esperança’.
Em 1949, no programa ‘Trem da Alegria’, compôs os hinos alternativos ‘não oficiais’ dos onze clubes que disputariam o Campeonato Carioca. Os hinos dos seis grandes da época, foram compostos em um só dia e os dos cinco chamados pequenos, compôs no dia seguinte. Os hinos compostos por Lamartine, fizeram tanto sucesso entre os torcedores, que ofuscaram os hinos oficiais, que, aliás, ninguém hoje sabe mais como é. A irreverência de Lamartine está na letra do hino do Bangu, que têm versos, como esse “a torcida reunida, parece a do Fla-Flu, Bangu, Bangu, Bangu”.
Versos fortes que marcaram os hinos, como do Vasco “salve o bravo e heroico português, Vasco da Gama, sua fama assim se fez”. No hino do Fluminense, expressou o que era o clube da elite carioca “clube que orgulha o Brasil, retumbante de glórias e vitórias mil”. No hino do Flamengo “eu teria um desgosto profundo, se faltasse o Flamengo no mundo”. No hino do Botafogo “tua estrela solitária, te conduz”, mas Lalá, não poderia negar que era americano, pois, o hino do América é considerado o mais bonito de todos “a cor do pavilhão é a cor do nosso coração”.
O humor e a irreverência de Lamartine é expressada nessa passagem. Certo dia, resolveu visitar de surpresa, uma irmã que morava na cidade de Bicas, Zona da Mata de Minas Gerais e embarcou em um trem da antiga Leopoldina, no Rio de Janeiro que estava previsto chegar as 7 da noite, em Bicas.
Devido a vários problemas pelo caminho, o trem chegou à estação de Bicas, as 3 e meia da manhã. Não querendo acordar a família, resolveu ficar pela estação, até as 6 horas da manhã. Andando pela plataforma da estação, viu a janela aberta e deu bom dia.
O rádio telegrafista, mandou uma mensagem em código Morse, para Aleixo, o chefe da estação, que estava em uma mesa, de costas para a janela “Aleixo, olha na janela, que sujeito careca, feio e com voz fina”. Aleixo, olhou e deu um sorriso. Lamartine Babo, tirou um lápis do bolso do paletó e batucou no batente da janela “Aleixo, careca, feio com voz fina e também, rádio telegrafista”. Logo em seguida, soltou uma gargalhada, para que os ferroviários, não se sentissem constrangidos…
Assim era Lamartine Babo, o grande Lala.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…