AFP – O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, retomou, nesta quinta-feira, 13 de março de 2025, a discussão acerca da eventual incorporação da Groenlândia ao domínio territorial norte-americano.
Em audiência com o Secretário-Geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, o líder do Partido Republicano foi instado por um representante da imprensa a pronunciar-se sobre a matéria. Em resposta, declarou que tal anexação é de capital importância para a “segurança internacional”, transcendendo os interesses exclusivamente nacionais dos Estados Unidos. “Estou convicto de que tal desiderato se concretizará. Trata-se de uma exigência imperiosa para a preservação da segurança global. Diversos aliados de relevo estratégico navegam ao longo daquela costa, sendo nosso dever assegurar-lhes proteção”, asseverou Trump. Suas palavras foram difundidas por um perfil oficial da Casa Branca na plataforma digital X, acompanhadas de um registro videográfico que também capturou a reação de Rutte à aludida manifestação.
Acerca da possibilidade de a Groenlândia vir a integrar o território estadounidense, Rutte adotou uma postura de prudente reserva: “No que concerne à questão da adesão da Groenlândia aos Estados Unidos, quer se confirme, quer se refute, julgo apropriado eximir-me de tal controvérsia. Não me cabe envolver a OTAN nesta deliberação. Todavia, no que respeita ao Polo Norte e à região ártica, sua análise é plenamente acertada. Os chineses têm explorado essas vias marítimas, ao passo que os russos procedem ao rearmamento”, declarou ele, dirigindo-se ao Presidente Trump.
A precedente alusão de Trump a esse intento remontava ao seu primeiro discurso perante o Congresso dos Estados Unidos, proferido em 4 de março de 2025, ocasião em que afirmou que os Estados Unidos haveriam de assumir o controle da Groenlândia “por quaisquer meios necessários”. No dia imediato, o Primeiro-Ministro da Groenlândia, Múte Egede, reafirmou que os habitantes daquele território, juridicamente autônomo sob a égide do Reino da Dinamarca, não almejam submeter-se nem à soberania americana, nem à dinamarquesa.
Em 11 de março último, terça-feira, o partido oposicionista Demokraatit logrou êxito nas eleições parlamentares da Groenlândia, suplantando a coalizão de extrema esquerda até então no exercício do poder. Tal agremiação advoga uma transição rumo à plena independência da ilha face à Coroa dinamarquesa.
Não se trata da primeira vez que Trump externa o propósito de exercer jurisdição sobre a Groenlândia. Em 2019, durante seu mandato inaugural como chefe de Estado, o então Presidente sugeriu que os Estados Unidos deveriam proceder à aquisição da ilha, proposta esta que o governo dinamarquês refutou categoricamente, declarando que seus territórios não se encontravam disponíveis para alienação. A questão voltou a emergir, reiterando-se os mesmos posicionamentos de ambas as partes, em momento imediatamente anterior à reassunção de Trump ao comando da Casa Branca. O interesse dos Estados Unidos, bem como da República Popular da China, pela Groenlândia – reconhecida como a maior ilha do globo – encontra fundamento nas abundantes riquezas minerais de seu subsolo.
Uma pesquisa de opinião conduzido na Groenlândia, ao término de fevereiro deste ano, revelou que apenas 6% dos consultados manifestam o desejo de que a ilha venha a constituir parte integrante do território dos Estados Unidos.