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Um estudo recém-divulgado na semana passada projeta que as rigorosas medidas de controle migratório adotadas pelo presidente Donald Trump resultarão na redução de 15 milhões de trabalhadores na força de trabalho americana ao longo da próxima década, com impactos profundos na economia e no padrão de vida da população. De acordo com a análise da National Foundation for American Policy (NFAP), uma organização independente dedicada a pesquisas sobre imigração, as políticas do governo Trump em relação à imigração ilegal e legal “reduziriam o número projetado de trabalhadores nos Estados Unidos em 6,8 milhões até 2028 e em 15,7 milhões até 2035, além de cortar em quase um terço a taxa anual de crescimento econômico, prejudicando os padrões de vida no país”.
O relatório, baseado em dados do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), estima que essas restrições elevariam a dívida federal em US$ 1,74 trilhão e diminuíssem o Produto Interno Bruto (PIB) em US$ 12,1 trilhão ao longo dos próximos dez anos. “O crescimento da força de trabalho é um componente essencial para o avanço dos padrões de vida e para o financiamento de dívidas e obrigações existentes. Com o envelhecimento da população nativa americana e o ritmo mais lento de seu crescimento demográfico, os imigrantes tornaram-se parte indispensável da expansão da mão de obra no país”, argumentam os pesquisadores.
Entre as medidas destacadas no estudo estão a suspensão e a redução de admissões de refugiados, o veto de viagens implementado em 2025, o fim do Estatuto de Proteção Temporária (TPS) e dos programas de parole humanitário, a proibição de que estudantes internacionais atuem em treinamentos práticos opcionais (OPT) e no OPT para áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) após a conclusão de seus cursos, além de uma esperada regra de “carga pública” para limitar a imigração legal. “A análise não considera o impacto econômico significativo de restrições ao acesso de empresas americanas a profissionais estrangeiros altamente qualificados por meio de ações regulatórias e administrativas, o que poderia afetar ainda mais o crescimento da produtividade”, complementam os autores.
O governo Trump estabeleceu como meta a remoção de pelo menos 1 milhão de imigrantes em situação irregular por ano, uma ambição que já impulsiona operações em larga escala. Recentemente, o Departamento do Trabalho alertou que essas deportações em massa poderiam elevar os preços dos alimentos, em razão da escassez de mão de obra no setor agrícola – um ramo que depende fortemente de trabalhadores imigrantes. “Não faltam mentes e mãos americanas para expandir nossa força de trabalho, e a agenda do presidente Trump para criar empregos para trabalhadores americanos reflete o compromisso desta administração em explorar esse potencial inexplorado, ao mesmo tempo em que cumpre nosso mandato de aplicar as leis de imigração”, rebateu a porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson na terça-feira (22). Ela citou uma pesquisa da CNBC segundo a qual mais de 1 em cada 10 jovens adultos americanos está desempregado ou não prossegue estudos, sugerindo que há capacidade interna para preencher as vagas.
Recursos públicos já são direcionados para reforçar a fiscalização nas fronteiras e na imigração, incluindo um investimento de US$ 45 bilhões da Casa Branca para ampliar a capacidade de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE). Segundo a NFAP, o aumento desses gastos só agravará o endividamento nacional. “O acúmulo de dívida federal reduz os padrões de vida nos Estados Unidos ao elevar níveis de tributação, inflação e taxas de juros superiores aos que ocorreriam sem tal endividamento”, concluem os pesquisadores.


